É lamentável dizer, mas, ansiosamente aguardados, os números da SECEX/MDIC não vêm sendo mais referência sobre as exportações de carnes. Vejam-se os resultados ontem divulgados para o mês de junho de 2018
É sabido que as exportações brasileiras de carnes vêm enfrentando desafios crescentes no mercado internacional, situação que recai sobretudo sobre as carnes de frango e suína. Mas, pelos dados da SECEX/MDIC, em junho passado nem mesmo a carne bovina se salvou em termos de volume.
Dessa forma, comparativamente ao mês anterior, as reduções no volume embarcado foram desde 27% (carne suína) até, praticamente, 40% (carne bovina). E esses índices subiram quando a base de comparação foi junho de 2017: queda desde 36% (frango) até 45% (novamente, carne bovina). Assim, sintetizando, as exportações do mês corresponderam a 60%-70% dos embarques médios das três carnes na presente década, resultado que sugere a não-contabilização de algum embarque.
Aliás, quem dá indícios de existência de falhas no levantamento das exportações é o próprio órgão. Assim, no penúltimo levantamento do mês, relativo às quatro primeiras semanas de junho, era apontado o embarque de 274,5 mil toneladas das três carnes – média de 17.156 toneladas diárias em 16 dias úteis. Como o fechamento do mês aponta embarque total de 303.076 toneladas, isto significa que nos últimos cinco dias úteis de junho foram embarcadas apenas 28,6 mil toneladas das três carnes – somente 5,7 mil toneladas diárias?
Mas, enfim, há coerência quanto aos preços médios. Ou seja: apenas a carne bovina continua em valorização, superior a 20% tanto em relação ao mês de maio/18 quanto a junho/17. Já os preços médios das carnes suína e de frango seguem em declínio.
Uma vez que os dados relativos ao volume se encontram, aparentemente, subinformados, com a queda no preço médio os efeitos maiores recaem sobre a receita cambial. No mês, ela ficou resumida a US$662 milhões, valor 29% e 41% menor que os registrados no mês anterior e no mesmo mês do ano passado. Para se ter melhor ideia da queda, é menos do que a carne de frango in natura, sozinha, arrecadou em julho de 2015: R$682 milhões.