Enquanto o real valorizado impõe perdas às vendas externas, ao mesmo tempo torna mais cara as importações
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
O câmbio pode começar a fazer estrago nas exportações (e nas importações) em gerais e do agronegócio, em particular.
O dólar desceu abaixo de R$ 5.
Mesmo com os temores e volatilidade gerados na crise militar na Ucrânia, sem solução à vista – e com o petróleo em franca ascensão -, o cenário interno brasileiro está favorecendo a valorização do real.
A entrada de divisas americanas vem na rabeira dos juros altos. E com os investidores externos com poucas opções, fora os títulos dos Estados Unidos, já que as bolsas de valores seguem instáveis.
Bom, ao fim e ao cabo, as vendas externas ficam cada vez mais complicadas.
O dólar fraco torna os produtos brasileiros mais caros. Há necessidade de mais moeda americana para comprar mais reais.
Com isso, o que se passa, por reflexo, é que as cotações do agronegócio acabam caindo.
É preciso diminuir os preços.
Assim, a soja, vimos nos últimos dias, perde força.
O preço interno recua e não acompanha Chicago.
No interior, nas principais praças, os preços cederam até mais de 2,60%, com a saca negociada entre R$ 175 e 195.
A situação é geral e atinge a todos.
Nós já observamos aqui que na última semana as exportações de carne caíram. E os chineses tiraram o pé.
Fragrantemente foi devido ao câmbio.
A carne ficou mais cara. Daí, que, certamente, deverá haver pressão também, a menos que os frigoríficos brasileiros aceitem renegociar preços.
Enquanto isso, os custos de produção não cedem. O milho entra nessa conta.
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Esse recuo no mercado interno da soja, pode ajudar um pouco a melhorar as vendas, mas muito pouco.
Santa Catarina, por exemplo, está organizando um dia de protesto dos suinocultores. Vão doar carne de 100 suínos doados, como forma de mostrar que os custos das rações estão inviabilizando os negócios. Vende-se o kg vivo a R$ 5 e gasta R$ 8 para engordá-lo.
E os custos dos fertilizantes? Pesados pela guerra na Ucrânia, mas pesados para os importadores com câmbio desfavorável.
Pegam a cadeia diretamente afetada, da agricultura, e a cadeia indiretamente afetada, os produtores de proteínas.
Com os valores de exportações achatados pelo câmbio – e tendo que, provavelmente, ceder em preços aos importadores para poder escoar a produção e não empatar mais capital -, as contas vão começar a ficar mais pesadas.
Isso tudo agregado ao resto das necessidades de todos. Pagamento de juros bancários, prestação vencendo em revendas, despesas particulares etc etc.
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