O setor, que reúne diversos pequenos produtores, contou com a ajuda do cooperativismo para sobreviver.
O leite está presente em vários produtos na casa do brasileiro. Ele movimenta a indústria de queijos, manteigas e derivados. Com grande parte da produção destinada à fabricação de muçarela, fornecida para restaurantes e pizzarias locais e de São Paulo, a pecuária leiteira foi um dos setores que sofreu no início da pandemia de Covid-19 e precisou se adaptar às novas tendências de consumo.
Valter Vanzela é presidente da cooperativa Frimesa, que, além da produção de carnes, tem atuação na fabricação de derivados do leite, processando um milhão de litros por dia e gerando produtos de valor agregado, como o queijo muçarela. Ele lembra como o setor foi pego de surpresa.
Por ano, o Paraná produz cerca de 4,4 bilhões de litros de leite, sendo o segundo maior produtor do país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O secretário executivo do Conseleite Paraná – conselho paritário entre produtores e indústria do leite – o zootecnista Guilherme Souza Dias cita que quase metade da produção é destinada à fabricação de queijo, como o muçarela. Segundo ele, a pandemia provocou uma migração no consumo e fez com que o ano de 2020 fosse bastante atípico para atividade leiteira.
Conforme a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), uma grande parcela da produção leiteira tem origem nas cooperativas do segmento no Estado, detentor de oito agroindústrias, concentradas nas microrregiões dos Campos Gerais e do Sudoeste. Em Palmeira, a cooperativa Witmarsum mantém uma fábrica que produz queijos, incluindo o muçarela. O diretor-presidente, Artur Sawatzky, conta que a unidade emprega 33 pessoas e produz cerca de 30 toneladas por mês.
Além da alteração no destino das mercadorias, os produtores da bovinocultura leiteira tiveram que enfrentar o aumento de preços de insumos, como a soja e o milho, principais componentes da ração fornecida aos animais.
No Paraná, em 2020, o preço do leite subiu 51% em relação ao ano anterior, fazendo um efeito cascata sobre o preço dos derivados como queijos para o consumidor final. No entanto, todo esse aumento não chegou ao bolso do produtor, porque os custos de produção subiram mais do que isso. A ração aumentou 53%, pressionada pela elevação no custo do farelo de soja que ficou 84% mais caro.
O superintendente da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, Altair Valotto, explica que os custos para manter a produção são superiores aos patamares pagos aos produtores.
O secretário executivo do Conseleite destaca que 87% das propriedades paranaenses têm até 5 hectares e o leite está presente em quase 100% delas.
Altair Valotto acredita que diante das dificuldades, o cooperativismo se tornou fundamental para sobrevivência do setor, possibilitando o acesso à tecnologia de ponta aplicada à produção.
Hoje, após quase um ano de pandemia, o setor da pecuária leiteira já se reinventou, mas permanece observando as oscilações do mercado. Para Artur Sawatzky, nesse cenário, o cooperativismo é um estímulo para que os produtores tenham geração de renda e não desistam.
Por: Francielly Azevedo – CBN Curitiba
OUÇA A REPORTAGEM NA ÍNTEGRA
AGRONEWS BRASIL – Informação para quem produz