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Em alta, prêmio da soja no mercado interno na contramão de Chicago

Também, nesta coluna, as condições para o Brasil atrair investimentos produtivos em fábricas de agroquímicos, e o veto presidencial ao amparo agricultor familiar

Por Giovanni Lorenzon

A soja tem andado de lado há várias sessões na bolsa de commodities de Chicago, com pequenas oscilações dos dois lados da tabela, e com certeza sob pouca chance de recuperar os US$ 13 o bushel.

A safra americana saindo dos campos e a brasileira começando a ser semeada deixam o mercado meio no limbo.

Mas, internamente, a saca da soja está valorizada. Os chineses começaram a buscar mais o grão no Brasil e os prêmios estão mais altos nos portos e nas principais praças do interior.

Nesta semana houve aumento médio de 15 cents sobre as cotações internacionais.

Há uma combinação de fatores. Os furacões que passaram no Golfo do México prejudicaram vários terminais que escoam a soja por vias fluviais, portanto a logística ficou prejudicada.

Além disso, o Brasil ainda tem soja da safra velha disponível, que, segundo alguns analistas, pode estar em 10 milhões de toneladas. E a oleaginosa americana disponível é pouca ainda.

Então, há o fator demanda.

Mesmo não influenciando muito nas cotações na bolsa americana, a necessidade chinesa está fazendo os produtores ofertarem a preços mais salgados para as tradings.

Dessa soja que ainda resta da safra 20/21, a maior parte está no Rio Grande do Sul e Paraná, onde estão os sojicultores mais capitalizados e que, por isso, vieram segurando mais as vendas à espera de preços melhores.

Há a expectativa de que o apetite chinês deverá ser maior a qualquer momento – aí, sim, as cotações no mercado futuro saltariam e no mercado doméstico também.

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Cavalinho encilhado das agroquímicas passando na porteira

O ex-presidente da Adama no Brasil, Rodrigo Gutierrez, está otimista com a possibilidade de o País voltar a atrair investimentos em agroquímicos.

A gigante China, que domina as fontes de matérias-primas, além de fábricas no mundo inteiro – como a própria Adama e o potentado Syngenta -, está empurrando essa situação.

E o Brasil tem tudo para entrar nessa rota. Desnecessário falar da capacidade de consumo, com a produção agrícola em alta, em terras e tecnologia – e produtividade.

Basta criar mais estabilidade jurídica para investimentos, além de manter as condições atuais de encurtamento dos prazos para licenciamento ambiental.

Levar anos como se esperava uma autorização não teria mais espaço, como ele diz estar vendo, positivamente, no governo Bolsonaro.

Mas por que o cavalo encilhado estaria passando na porta do Brasil?

Bom, os custos de produção na China não têm nada mais de barato como antes. Também a concentração produtiva, com regras ambientais mais rígidas e mais intervenção estatal, dificultam investimentos.

Tudo ficou mais caro e a dependência mundial, em relação aos chineses, passou da conta, adicionado, agora, com os problemas logísticos de falta de contêineres que saem de lá.

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Sem renegociação de dívidas e sem acesso a crédito

Para evitar novas sangrias aos cofres públicos, principalmente por estar pressionado em ter pagar precatórios se o STF assim o quiser, o governo federal vetou renegociação de dívidas da agricultura familiar.

O Planalto alega também que não há um encontro de contas, ou seja, não teria apoio legal por não mostrar de onde sairiam os recursos.

Milhões de pequenos produtores perderão o amparo.

E são eles que já não têm acesso ao sistema bancário para rolagem de suas demandas produtivas, cada vez mais caras com os custos dos insumos, além de estarem carregando o baque que veio desde o início da pandemia sobre setores com menor dependência externa.

Bem como dos agravados pela seca e geadas, como o pessoal do café, notoriamente dominados pela agricultura familiar.

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