Inovação e desenvolvimento de sistemas integrados colocam Mato Grosso também na liderança da produção de proteínas, posição que o estado já ocupa no setor de grãos.
Apesar dos desafios logísticos, o produtor da região médio-norte do estado já consegue uma produção com custo bem menor do que o de outras regiões tradicionais do país. Mesmo com as longas distâncias para portos e regiões consumidoras, como a Grande São Paulo, o produtor mato-grossense é compensado pela economia na compra da alimentação para os animais.
Essa avaliação faz parte de estudo de Adolfo Fontes, analista de proteína do Rabobank. Especializado em agronegócio, o banco vem fazendo um raio-x das possibilidades agroindustriais do estado.
Até 2023, o crescimento médio anual da produção de carne bovina será de 5% no estado, atingindo 1.7 milhão de toneladas naquela data. Já a produção de carne de frango terá evolução de 9%, somando 757.000 toneladas, e a suína irá para 305.000 toneladas, com crescimento anual de 7%.
Para Fontes, em 2023, Mato Grosso produzirá 2.76 milhões de toneladas dessas proteínas, 39% da produção nacional. Com isso, o estado será responsável por 15% da produção total de carne bovina do país, 5% da de frango e 7% da suína.
A opção dos produtores de Mato Grosso por uma produção maior de proteínas ocorre exatamente por causa do custo da logística. O produtor agrega valor ao produto local e transporta volumes menores.
Além disso, a disponibilidade de ração aumenta ano a ano na região. Se todos os projetos de fabricação de etanol de milho já programados forem implementados, o estado consumirá 4.7 milhões de toneladas de milho, o que irá gerar 1.2 milhão de toneladas de DDGS (coproduto derivado de milho na produção de etanol).
O preço dessa matéria-prima ainda não está definido para o estado nos próximos anos, mas a expansão da indústria de etanol de milho trará mais uma garantia de nutrientes para a nutrição animal.
Além de um forte abastecedor do mercado interno, o estado se consolidará como exportador de proteínas, na visão do analista. A produção de proteínas em propriedades com economia circular, onde os resíduos animais se tornam coprodutos, insere a carne em um modelo sustentável.
Essa produção reduz o impacto ambiental e eleva o interesse de consumidores que buscam produtos sustentáveis.
Por Mauro Zafalon – Folha de São Paulo