O presidente da Embrapa, Mauricio Antonio Lopes, participou nesta terça-feira do Ethanol Summit, um dos principais eventos mundiais voltados para as energias renováveis, particularmente o etanol e os produtos derivados da cana-de-açúcar
Ele foi um dos palestrantes do painel dedicado ao tema Avanços Tecnológicos e a Imagem Global do Agronegócio Brasileiro, ao lado de Daniel Bachner, diretor global para Cana-de-Açúcar da Syngenta; Marc Reichardt, diretor global de Operações Comerciais Agrícolas da Bayer; e Mario Von Zuben, diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef). O debate, realizado na terça-feira, dia 27, foi moderado por Geraldine Kutas, assessora de Assuntos Internacionais da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
“Minha abordagem levou em consideração três aspectos, que, na minha visão, marcam as percepções sobre o agronegócio brasileiro em âmbito internacional”, explicou Lopes. “A primeira é a de que o agro brasileiro é predatório e insustentável, agressiva e erradamente disseminada por ONGs, alguns governos e outros atores ao longo dos anos. A segunda percepção é que o Brasil desenvolveu uma agricultura moderna, baseada em ciência. À despeito da primeira percepção negativa, há uma visão externa já bastante consolidada, de que o Brasil alcançou sua segurança alimentar e se projetou como grande exportador de alimentos em função do forte investimento em pesquisa e inovação”. Segundo o presidente, isso proporcionou a rápida incorporação de tecnologias que viabilizaram a emergência de uma agricultura tropical eficiente que estimulou o empreendedorismo e fortaleceu o protagonismo do agro nacional no âmbito internacional.
Depois Mauricio Lopes explorou a percepção do potencial de expansão da produção e da capacidade competitiva do agronegócio brasileiro. “Esta percepção alimenta ações de protecionismo, propaganda para desgaste de imagem e outras tantas formas de combate ao protagonismo brasileiro nos mercados internacionais, em sintonia com a primeira percepção. O potencial de expansão do agro brasileiro assusta os nossos competidores e coloca o Brasil quase sempre na defensiva nos ambientes internacionais onde se trava discussões relacionadas a alimentação e agricultura, como clima, biodiversidade, comércio etc”.
Ao final, analisou alguns desafios a serem enfrentados pelo Brasil, para que os passivos que alimentam as percepções negativas sobre a nossa agricultura possam ser superados, fazendo bom uso das suas vantagens competitivas e comparativas para fortalecimento da presença e do protagonismo do seu agronegócio em âmbito internacional.
Aquecimento global
Lançado pela Unica em 2007 e realizado a cada dois anos, o Ethanol Summit reuniu empresários, autoridades de diversos níveis governamentais, pesquisadores, investidores, fornecedores e acadêmicos do Brasil e do exterior. Os participantes acompanharam dezenas de palestras, apresentações, discussões e debates que ocorreram em grandes plenárias, painéis temáticos e cerimônias de abertura e encerramento, além de eventos paralelos.
Entre os principais conteúdos explorados no encontro, destaque para o papel do etanol e demais derivados da cana na luta contra o aquecimento global, os 30 anos de geração da bioeletricidade sucroenergética, a situação atual e perspectivas de crescimento da indústria canavieira, infraestrutura, inovações tecnológicas e o peso estratégico de políticas públicas e iniciativas como o RenovaBio para o futuro de uma matriz energética nacional mais limpa e renovável.
A presidente da Unica, Elizabeth Farina comemorou a consolidação do Ethanol Summit como um dos mais importantes fóruns sobre biocombustíveis e energias de baixo carbono nos últimos 10 anos. “Ao longo de uma década, o Summit conquistou notoriedade graças ao seu conteúdo rico e formato dinâmico. A presença de renomados especialistas, ligados direta ou indiretamente à cadeia produtiva da cana, fez com que as discussões fossem mais abrangentes e de alto nível neste ano”, afirmou.
Fonte: Embrapa