Desafios climáticos, oportunidades e grandes surpresas ainda estão por vir na safra 23/24, “Tem muita coisa pra acontecer… Esta safra ainda não acabou…“, diz André Debastiani, coordenador geral do Rally da Safra
A safra agrícola brasileira sempre desperta grande expectativa e interesse, não apenas a nível nacional, mas também internacional. Em uma entrevista exclusiva para o Agronews, durante a Show Rural Coopavel 2024, o CEO da Agroconsult, André Debastiani, coordenador geral do Rally da Safra, ofereceu insights valiosos sobre a safra em curso, destacando tanto as oportunidades quanto os desafios que os produtores enfrentam.
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Desafios climáticos e perspectivas da safra 23/24
André Debastiani ressalta a importância do atual momento da safra, sublinhando que ela ainda não está definida. Ele destaca que a temporada foi marcada por condições climáticas adversas, especialmente para as lavouras precoces. Regiões como Mato Grosso, Sudoeste de Goiás e oeste do Paraná enfrentaram períodos de escassez de chuvas e calor extremo, resultando em rendimentos abaixo do esperado. “As lavouras de soja que precedem o algodão segunda safra, e que foram plantadas muito cedo e acabaram enfrentando uma condição climática muito adversa, com pouca chuva e calores extremos, essas lavouras produziram muito mal.”, avalia André.
No entanto, Debastiani enfatiza que nem todas as lavouras foram igualmente afetadas. As plantações de ciclo tardio oferecem um potencial mais promissor, sugerindo que o desfecho da safra 23/24 ainda está em aberto.
As estimativas do Rally da Safra, que apontam para uma produção de 153 milhões de toneladas, refletem essa incerteza. O clima continua a ser um fator determinante, não apenas no Brasil, mas também em países vizinhos como a Argentina, que busca se recuperar de safras anteriores desafiadoras. No entanto, o otimismo é temperado pela necessidade de condições climáticas favoráveis nos próximos meses. “Quando a gente olha principalmente pro o nosso vizinho aqui, a Argentina tem uma safra de recuperação que saiu de 21 milhões toneladas, e que deve ir pra mais de 52 milhões de toneladas. Isso se o clima cooperar.“, comenta.
Produtor deve ficar atento as oportunidades de comercialização
Debastiani alerta os produtores sobre a importância de estarem atentos às oportunidades de comercialização. Atrasos na comercialização podem afetar a rentabilidade e até mesmo o planejamento da próxima safra. As oscilações nos mercados internacionais e as condições adversas em países concorrentes, como a Argentina, podem influenciar significativamente as estratégias de comercialização dos produtores brasileiros. “Tem muita coisa pra acontecer. Tem o próprio milho que a gente está plantando agora, Mas de fato, o produtor vai ter que ficar muito atento às oportunidades aí de comercialização, seja em função de uma notícia que sai do mercado internacional, uma condição adversa na Argentina, pra ele conseguir fazer a sua comercialização, que hoje está muito atrasada. E o produtor precisa caminhar com essa comercialização até mesmo para planejar a próxima safra.“, completa o especialista.
O Rally da Safra, iniciativa que existe desde 2004, desempenha um papel crucial na coleta de dados primários sobre a produção de soja e milho no Brasil. Além de fornecer informações detalhadas sobre as lavouras, o Rally facilita a interação entre empresas e produtores, promovendo a troca de conhecimentos e experiências. A abordagem quantitativa e qualitativa do Rally permite uma avaliação precisa das condições das lavouras e das realidades regionais que moldam a cadeia de produção de grãos.
Como podemos ver, a safra 23/24 apresenta um cenário desafiador, mas repleto de oportunidades. O sucesso dos produtores dependerá não apenas das condições climáticas, mas também da capacidade de adaptação e da habilidade de aproveitar as oportunidades de mercado. A agricultura brasileira continua a ser um setor dinâmico e crucial, cujo impacto se estende muito além das fronteiras do país.
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