Uma das plantas mais utilizadas para o preparo de chás é o funcho (Foeniculum vulgare), nome pelo qual pesquisadores científicos tratam a popularmente conhecida erva-doce. Por ser uma das opções de bebida quente preferidas pelos brasileiros, é facilmente encontrada na versão de folhas secas e de sementes no varejo alimentício de todo o país.
A erva-doce também é usada como ingrediente para diferentes receitas culinárias. É aromatizante apreciado em bolos, pães, molhos e peixes, conferindo ainda aos pratos e alimentos um sabor especial. Ao natural, seus talos dão frescor e crocância às saladas, complementam caldos e são ótimos para mergulhar em patês quando cortados em tiras.
Indicada para aliviar problemas digestivos e flatulência e ajudar na diurese, já era, no século XII, na Alemanha, recomendada pela estudiosa de plantas medicinais, a abadessa beneditina Hildegarda de Bingen, para melhorar a digestão, o humor e a visão. A erva-doce tem propriedades antiespasmódicas, estimulantes e relaxantes, além de ser vermífugo e antirreumático. O chá feito das folhas ou sementes é dica de remédio usado há gerações para eliminar cólicas intestinais em bebês e crianças.
Embora não haja evidências científicas, existem relatos de que a erva-doce é composta de nutrientes que auxiliam na produção de leite materno. Rica em vitamina C, além de conter vitaminas A e do complexo B, a planta contém fibras, cálcio, ferro, fósforo, potássio, cobre, sódio e zinco.
A erva-doce ainda é empregada na indústria de cosméticos para a fabricação de uma vasta gama de produtos. Empresta sua suave fragrância a sabonetes, cremes para o corpo, xampus e condicionadores, entre outros itens de perfumaria comercializados no mercado nacional.
Dotada de vários benefícios, diversas finalidades de uso e de cultivo fácil, a cultura pode contribuir para reforçar o rendimento financeiro mensal do agricultor. Pode ser plantada em pequenos espaços, junto a hortas e em qualquer região de norte a sul do país, dada sua boa adaptação ao clima variado do Brasil. Somente na primeira vez é preciso comprar as sementes, que, abundantes, não faltam para os cultivos subsequentes.
“Pode ser plantada em pequenos espaços, junto a hortas e em qualquer região de norte a sul do país, dada sua boa adaptação ao clima variado do Brasil”
Originária do Mediterrâneo, a erva-doce é uma planta que pode atingir até 2,5 metros de altura, dependendo da cultivar. Por isso, é bom apoiar o caule flexível com uma estaca, para evitar quebras com a incidência de ventos fortes. O comprimento das folhas pode se estender por 40 centímetros. Pequenas, as flores perfumadas atraem borboletas e abelhas.
Apesar de ser perene, a erva-doce é muitas vezes cultivada como planta anual ou bianual. Em regiões de clima quente, o plantio inicia-se durante o outono e, em áreas mais frias, nos meses da primavera, visto que as folhas e as sementes chegam ao ponto de colheita em momentos diferentes.
Mãos à obra
>>> INÍCIO As variedades de erva-doce se caracterizam pela finalidade de uso. A funcho-de-florença, ou erva-doce-de-cabeça, é ideal para o consumo do bulbo, tanto na versão crua ou grelhada quanto assada. Os caules mais grossos também são aproveitados na alimentação, como os talos do aipo (ou salsão). A funcho-bravo tem nas suas folhas delicadas seu principal produto, mas ainda oferece sementes de sabor licoroso, utilizadas como condimento.
>>> AMBIENTE Regiões de clima ameno ou moderadamente quente são as mais indicadas para o cultivo de erva-doce. A planta, no entanto, resiste a geadas leves. O local de plantio deve ser iluminado, recebendo luz direta por algumas horas do dia, o que ajuda na redução de ocorrência de pulgões, seu maior problema fitossanitário. Reserve espaço exclusivo para a cultura, pois a erva impede o crescimento de outras plantações.
>>> PLANTIO Semeado em local definitivo, apresenta menos risco de não pegamento em comparação ao transplante de mudas. Contudo, se optar pelo uso de sementeira, faça o transplante quando a planta ainda estiver bem jovem, com no máximo quatro folhas. Como a erva-doce não tem bom desenvolvimento em solos muito ácidos, o pH indicado é na faixa de 6 a 7. A preferência é por solos bem drenados, férteis e ricos em matéria orgânica. Cultivos em vasos ou jardineiras, somente se possuírem profundidade acima de 30 centímetros, para assegurar espaço para o sistema radicular da erva-doce. Use solo leve e cascalho para drenagem.
>>> ESPAÇAMENTO De 25 a 30 centímetros de distância entre plantas é o mais adequado para o cultivo de erva-doce. Elas devem ser cobertas com uma camada fina de solo, com cerca de 0,3 centímetro.
>>> CUIDADOS Com regas frequentes, mantenha o solo úmido, sobretudo no período de germinação das sementes. Evite, no entanto, que fique encharcado. O florescimento precoce da erva-doce pode ocorrer com a falta de água. Principalmente nos primeiros meses de plantio, livre o local de plantas invasoras e concorrentes de nutrientes e de recursos do ambiente. Aplique um inseticida à base de piretrina para combater pulgões e moscas-brancas.
Fonte: Exame