Com uma série de webinars, o Sindicato Rural de Cuiabá apresentou um panorama geral da produção agropecuária do estado e ainda demonstrou inovações tecnológicas que serão implementadas em breve para a gestão de negócios rurais, confira!
Encerrou-se na noite desta quinta-feira(15), o 1º Evento Agropecuário Online, uma iniciativa do Sindicato Rural de Cuiabá, que contou com o apoio do Sistema FAMATO, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), da Hiper Produções (responsável pela medição teológica do evento) e do portal AGRONEWS BRASIL. O evento inaugura uma nova modalidade de abordagem para os eventos organizados pelo Sindicato Rural destinados aos produtores rurais.
O presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, Celso Nogueira, encerrou a última transmissão emocionado. Ele agradeceu aos parceiros envolvidos no planejamento e execução do evento e avalia que todos os objetivos foram cumpridos. “O Sindicato Rural tem uma nova fase, uma nova vida! Nós queríamos muito fazer palestras online, principalmente para os pequenos produtores e agora isso é possível. Com o apoio do Senar, da Famto, da Acrimat, nós vamos proporcionar isso, esta nova modalidade. E nós vamos avançar muito, se Deus quiser.“, Finaliza Celso.
Sobre o 1º Evento Agropecuário Online
Durante 5 dias de evento, os produtores rurais de todo o estado, puderam acompanhar diversos temas relacionados a produção agropecuária, sanidade animal, gestão de negócios e entretenimento. A programação teve início na última sexta-feira(09) com a Batalha das Equipes Cowboys In Live, que foi o primeiro rodeio nesta modalidade a ser realizado dentro do Parque de Exposições. Confira abaixo como foi a sequência do evento.
13/10 – Webinar sobre gado de corte e leite
Além do entretenimento, o Sindicato Rural preocupou-se em trazer conteúdos relevantes para o setor produtivo do estado. O primeiro tema abordado na webinar do evento (13) foi sobre “Raças de animais – Gado de Corte e Leite” e contou com a participação do presidente da Associação Brasileira de Produtores de Leite, Geraldo Borges; do gerente de melhoramento genético da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Lauro Fraga; do empresário e Diretor do Sindicato Rural de Cuiabá , Carlos Miguel, da Fazenda Serrinha (especialista em genética Nelore e carnes premium) e da pecuarista Maressa Vilela Bettencourt, da Agropecuária GV5 (especialista em matrizes da raça Gir leiteiro e Girolando).
Na primeira parte da Live, que foi discutido sobre gado de corte, o produtor Carlos Miguel explica como a Fazenda Serrinha conseguiu evoluir e se adequar para atender este nicho de mercado para carnes nobres. “Nossa história começou há 30 anos atrás com gado geral, depois fomos para gado de elite, nós chegamos a ter mais de 4 mil vacas registradas na ABCZ, mas com o passar do tempo fomos evoluindo para atender este nicho de mercado. Quero ressaltar que nossa base é de 100% vacas Nelore, onde nós fazemos o cruzamento com Angus. E há pouco tempo nós iniciamos um plantel com vacas F1 onde nós inseminamos Braford e o resultado é um careta, que é tão bom ou melhor que a do próprio Angus“, esclarece Miguel.
Direto de Uberaba-MG, Lauro Fraga, Gerente de melhoramento genético da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) apresentou números do programa pró-genética no Brasil e aproveitou a oportunidade para agradecer a iniciativa. “Obrigado pelo convite de estar com vocês, nós todos sabemos como é competente o nosso produtor rural, mas muitas vezes não sabemos como mostrar, e está sendo muito bem mostrado (neste evento). A pecuária brasileira é feita de desafios e ultrapassar estes desafios faz parte do nosso dia-a-dia.“, finaliza Fraga.
Na segunda parte deste primeiro dia de palestras, o presidente da ABRALEITE, Geraldo Borges, apresentou um panorama sobre a pecuária de leite nacional e alguns pontos onde o estado de Mato Grosso precisa melhorar para alavancar a produção leiteira. “Em relação ao parque industrial, Mato Grosso pode melhorar em termos de cooperativismo mais forte e mais organizado. Nós sabemos que o estado não possui uma bacia leiteira tão forte como a de outros estados brasileiros.“, esclarece. Para Borges, o fato de Mato Grosso não possuir a mesma quantidade de empresas captadoras de leite e laticínios, como os principais produtores (Paraná e Minas Gerais por exemplo), isso dificulta a ampliação da produtividade. O presidente da ABRALEITE apresentou também diversas informações do cenário nacional da pecuária de leite e como a entidade trabalha para atender as demandas do setor.
Maressa Vilela, da Agropecuária GV5, concorda com o presidente da ABRALEITE de que Mato Grosso ainda não tem um produção de leite expressiva, mas ela é otimista e acredita que o estado tem um potencial muito grande de crescer neste setor, devido a grande oferta de insumos derivados do milho por exemplo, já que nós possuímos fartura de grãos. “Acreditamos que Mato Grosso ainda não chegou aos grande produtores. A hora que um agricultor por exemplo, resolver fechar mil vacas (que é uma coisa simples, bem possível, devido ao tamanho da produção e da tecnologia), Mato Grosso pode dar um salto muito grande de uma hora para outra.“, afirma Maressa. Ela também aposta na produção de leite A2A2, que é considerado por muitos, como o “leite do futuro“. Segundo informa Maressa, a Agropecuária GV5, que é especializada em genética Gir leiteiro, já esta preparada para atender a esta demanda que vem crescendo cada dia mais em nosso estado.
14/10 – Webinar sobre a importância da sanidade animal
Dando sequência a rodada de temas propostos no 1º evento Agropecuário Online, o Sindicato Rural de Cuiabá destacou a importância da sanidade animal no estado. Para isso, convidou o o superintendente do Senar-MT, Francisco Olavo Pugliesi de Castro, conhecido como Chico da Pauliceia, que participou remotamente direto de Rondonópolis-MT.
Além do superintendente do Senar, também participaram desta webinar o presidente do FESA-MT, Antônio Carlos de Souza; o Med. Veterinário e Diretor do Sindicato Rural, Daniel Monteiro e o Responsável pelo programa estadual de vigilância em Febre Aftosa do INDEA-MT, Dr. Felipe Peixoto.
A pauta principal girou em torno de todos os processos necessários para se manter a sanidade em Mato Grosso. Conforme explanação do superintendente do Senar, Francisco Pugliesi, são mais de 2.800 pessoas capacitadas para vacinar o rebanho contra a brucelose, elaboração de cartilhas e fornecimento de informações aos 93 sindicatos rurais do Estado. Segundo Chico, o objetivo é reduzir a incidência da doença. “A vacina exige uma técnica para ser aplicada e o Senar-MT contribui para que seja feito da forma correta”.
Sobre a Febre Aftosa, Chico explica que Mato Grosso possui um rebanho de 31 milhões de cabeça de gado e apresentou o último caso da doença há 25 anos. O objetivo é debater o caminho para tornar o Estado livre sem vacinação. “Mesmo que não haja um consenso entre os produtores, quando iniciaram os estudos para suspender a vacinação foi definido um plano estratégico e é importante que todos conheçam as ações”, afirmou Chico da Pauliceia.
Para o presidente do FESA-MT, Antônio Carlos, houve uma evolução no programa de erradicação da febre aftosa. Ele avalia que as etapas foram cumpridas dentro do planejamento e que o destaque foi o grande investimento em infraestrutura para adequação das propriedades rurais ao longo deste anos. “A pecuária brasileira evoluiu muito. Antigamente nós tínhamos um cercado e agora nós temos estruturas fantásticas e cada vez mais nós nos orgulhamos da pecuária mato-grossense.“, comenta Antônio. O presidente do FESA também explicou como a entidade esta pronta e apta para atender em casos eventuais de um possível surto viral. Ele aproveitou a oportunidade para relembrar aos produtores do estado sobre a 2ª etapa da vacinação contra a febre aftosa, que começa em novembro.
O responsável pelo programa estadual de vigilância em febre aftosa do INDEA-MT, Dr. Felipe Peixoto, avalia que o estado tem excelentes índices no que diz respeito a vacinação. Segundo avaliação de Felipe, o produtor rural tem consciência do papel que representa o controle sanitário para a produção animal. Ele vê com bons olhos a retirada da vacinação, mas reforça a responsabilidade na execução de todas etapas previstas no Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PENEFA). “Antes da retirada da vacinação, temos que lembrar de alguns passos que precisamos dar. Nós temos a previsão dentro do plano de vacinação até maio de 2022, então temos algumas etapas ainda para serem cumpridas e que o produtor vem fazendo muito bem.“, comemora Felipe.
O Diretor do Sindicato Rural, Daniel Monteiro, frisou a importância de se levar informações até o produtor rural sobre os cuidados com a saúde animal. Ele que também é médico veterinário, concorda que aumenta-se a responsabilidade sobre o controle sanitário a partir da retirada da vacinação. Mas admite que o Sindicato está sempre pronto para dar este suporte. “O pecuarista cada dia mais está se conscientizando que é necessário vacinar o gado. Eles estão se adequando há muitos anos. É um tema complexo, mas eu acho que esta sendo bem administrado. Não temos um caso de aftosa há mais 13 anos.“, explica Daniel.
15/10 – Webinar sobre a nova modalidade de leilões rurais
Inovação e tecnologia, este foi o foco principal do último dia do 1º Evento Agropecuário Online. Participaram desta webinar as maiores empresas leiloeiras do estado de Mato Grosso. O evento contou a presença do presidente do Sindicato Rural, Celso Nogueira, que também é empresário no ramo de leilões; do empresário e Diretor do Sindicato Rural, Juarez Miranda – MT Leilões; do gerente comercial da Programa Leilões, André Magella; do empresário Guilherme Tonhá – Estância Bahia Leilões; do empresário Murilo Barros – MB Leilões; da Diretora Executiva da Acrimat, Daniella Bueno e do Diretor Financeiro do Sindicato Rural, Vicente Falcão.
Juarez Miranda, proprietário da MT Leilões, iniciou a live narrando um pouquinho de sua história e da trajetória das empresas leiloeiras no estado. Ele que foi um dos pioneiros neste segmento, afirma que mesmo em tempos de tecnologia, não podemos abandonar os leilões presenciais, já que estes eventos geram emprego e renda para muitas famílias. “O mercado hoje é moderno, você leva o boi na casa de todo mundo, mas eu ainda estou dando dinheiro para o manejo que precisa trabalhar, para o motorista de caminhão trazer o gado. O leilão quer queira, quer não, movimenta um mundo de gente.”
Guilherme Tonhá, da Estância Bahia Leilões, explicou como a empresa conseguiu se consolidar no mercado aos longos destes anos. Ele relembrou que EBL não realizou nenhum evento presencial neste ano devido a pandemia, mas que continuaram os trabalhos graças ao uso da tecnologia e dos leilões virtuais. Segundo Guilherme, os leilões virtuais criam um ecossistema de sustentabilidade. “Hoje os leilões virtuais fazem uma sustentabilidade econômica, sustentabilidade da sanidade animal e isso acaba sobrando mais no bolso do pecuarista“.
Transferência de credibilidade do meio presencial para o meio digital é um desafio a ser vencido pelas empresas. André Magella, gerente comercial da Programa Leilões, uma das maiores do Brasil, afirma que isso é possível com a entrega de informações precisas, produção de qualidade e profissionais capacitados. “Nós procuramos ter bastante fidelidade nestas imagens que são captadas. Existe um padrão de filmagem, você não pode filmar nem de baixo, nem de cima, tem que ter o padrão. Pra que? para quando o cliente receber o gado na casa dele falar – ei é melhor do que imaginei. Tem que ter isso pra trazer essa confiança.“
Murilo Barros, da MB Leilões, conta que já foi “peão” em outras empresas, mas agora comanda a sua própria leiloeira com a experiência que adquiriu ao longo deste anos e que com o advento dos leilões virtuais ele conseguiu baratear e muito os custos de realização destes eventos. “Eu era um bom funcionário, um bom peão, mas pra você falar pro mercado que você dá conta de fazer é um outro desafio.“, explica Murilo.
Como mencionado por todos os participantes, a tecnologia auxiliou muito na manutenção do bem-estar animal, já que não há necessidade de transporte, stress e manejos. A Diretora Executiva da Acrimat, Daniella Bueno, esclarece que para a defesa sanitária o fato dos animais ficarem juntos confinados nos recintos de leilões e depois serem entregues nas diversas propriedades compradoras, se houver um foco de qualquer doença contagiosa pode ser disseminada com facilidade. “A partir do momento que você não tem mais aglomeração destes animais, já que eles vão ser única e exclusivamente filmados na sua propriedade de origem e vai para a sua propriedade de destino, ela tira esta potencialidade de doenças. Então nós temos uma rastreabilidade muito mais fácil.”, finaliza Daniella.
Fechando a rodada de conversa sobre inovações e tecnologia para a gestão de negócios rurais, o Diretor Financeiro do Sindicato Rural, Vicente Falcão, comemora o sucesso do 1º Evento Agropecuário Online e afirma que a instituição inaugura uma nova modalidade de comunicação junto aos produtores rurais. Falcão revela que o Sindicato Rural em breve lançará uma plataforma de leilões virtuais em parceria com a Hiper Produções, empresa responsável por toda a mediação tecnológica do evento. Ele aproveitou para parabenizar e agradecer o aprendizado adquirido com a participação de todas as empresas participantes da webinar. “Eu aprendi muito hoje aqui nessa webinar: gestão de pessoas, gestão de negócios, gestão de material e logística. Vocês colocam com muita tranquilidade, esta sistematizado no negócio de vocês, transparência, que gera credibilidade, que gera confiança e que gera oque a gente chama de governança. Eu fiquei impressionado com a capacidade com que vocês cuidam do negócio de vocês.“, finaliza Vicente Falcão.
O 1º Evento Agropecuário Online é uma realização do Sindicato Rural de Cuiabá e contou com o apoio do Sistema Famato, Acrimat, Senar-MT, Hiper Produções e portal AGRONEWS BRASIL.
Por: Vicente Delgado – AGRONEWS BRASIL