O ex-ministro da Agricultura do Brasil, Alysson Paolinelli, promotor do modelo de agricultura tropical sustentável que transformou o país sul-americano em uma potência agroalimentar global, foi nomeado Embaixador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
O título foi entregue a Paolinelli pelo Diretor-Geral do IICA, Manuel Otero, em cerimônia com a presença de altas autoridades governamentais, entre elas os ministros brasileiros da Agricultura, Tereza Cristina, e da Cidadania, Osmar Terra.
“Não sou eu quem deveria estar recebendo esta homenagem, e sim nós quem deveríamos estar entregando um prêmio ao IICA. O instituto me ajudou muito, possibilitando o envio de jovens pesquisadores brasileiros ao exterior para se especializar”, disse Paolinelli ao receber o título.
“A partir das universidades, com apoio do IICA, foi possível a integração do projeto que permitiu que o Brasil se lançasse na busca dos primeiros passos da agricultura tropical que temos hoje, que é o modelo mais eficiente do mundo”, acrescentou.
Engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agronomia de Lavras (ESAL, hoje Universidade Federal), Paolinelli foi secretário de Agricultura de Minas Gerais, quando criou incentivos que tornaram esse estado o maior produtor de café do Brasil.
Como ministro da Agricultura do país, Paolinelli foi o grande modernizador da reconhecida Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o promotor da ocupação econômica do Cerrado brasileiro. Em 2006, Paolinelli recebeu o World Food Prize, prêmio que equivale ao Nobel da Alimentação.
“A agricultura é uma atividade fundamental, propulsora do desenvolvimento e espinha dorsal de nossos países. Precisamos de muitos ‘Paolinellis’ no agro das Américas, para espalhar seu entusiasmo, sua capacidade de executar, para promover o desenvolvimento através de iniciativas que priorizem a agricultura, fazendo do meio rural um lugar atrativo para a juventude”, disse Otero ao entregar o título.
Já a ministra Tereza Cristina destacou a presença de todos os secretários de sua pasta na homenagem a Paolinelli, indicando que o IICA “também deve ser homenageado por seu importante trabalho junto ao agro brasileiro”. Além disso, ela ressaltou a relevância da aliança entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o IICA.
“Vamos continuar essa parceria cada vez mais forte e o Brasil precisa muito dos projetos que fazemos em conjunto, pelo protagonismo que o país tem como grande exportador mundial”, afirmou a ministra.
O Ministro Osmar Terra, por sua vez, comentou que “Manuel Otero, Diretor-Geral do IICA, está fazendo uma pequena revolução e certamente continuará impulsionando a agricultura, inclusive a agricultura familiar, no Brasil e nas Américas”.
Missão no Brasil
A entrega do reconhecimento a Alysson Paolinelli encerrou a agenda de reuniões estratégicas do Diretor-Geral do IICA no Brasil, que previamente se encontrou com o presidente da Embrapa, Sebastião Barbosa, para tratar do fortalecimento de trabalhos conjuntos, unindo a capilaridade do IICA nas Américas e os aportes de pesquisa e tecnologia da Embrapa.
Em uma reunião com altos funcionários de agências da ONU, liderados por Niky Fabiancic, coordenador-residente do Sistema das Nações Unidas no Brasil, Otero apresentou os programas estratégicos do IICA e conversou sobre possíveis ações compartilhadas com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO); o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA); Programa Mundial de Alimentos (PMA) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O Diretor-Geral do IICA também foi recebido pelo deputado federal Alceu Moreira, presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).
Durante a visita ao Brasil, Otero também se reuniu com os ministros Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional) e Osmar Terra (Cidadania); com o secretário executivo do Ministério da Agricultura, Marcos Montes; e com o presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Márcio Lopes de Freitas.
Em breve resumo, Allyson Paolinelli assumiu o cargo de Ministro da Agricultura em 1974. Desafiando todos os especialistas do campo no final dos anos 60, o engenheiro agrônomo criou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e mudou o cenário do Brasil que, de importador de alimentos, passou a ser um dos exportadores mais importantes do mundo. Paulinelli foi o grande responsável por esta mudança e ficou no cargo de Ministro até o ano de 1979.
Hoje, o ex-Ministro da Agricultura, dedica-se a divulgar a tecnologia tropical gerada pelo Brasil, “uma das marcas da excelência da pesquisa agrícola brasileira”, segundo ele. Paolinelli é presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e foi fundamental para a identificação do potencial do Cerrado para tornar o Brasil um dos maiores celeiros de grãos do mundo.
Convidado para fazer a palestra de encerramento do AGROMT em 2018, o Ex-Ministro destacou que acompanhou de perto o crescimento de Mato Grosso nestas últimas 4 décadas e parabeniza o trabalho feito pelos produtores da região.
Em sua avaliação, durante este período que é chamado de “Revolução Verde”, as políticas públicas não acompanharam o crescimento do setor, ao contrário, hoje o produtor rural tem menos incentivos e o Brasil só continua avançando graças ao trabalho árduo do homem do campo. Irreverente, ele conclama aos produtores para que participem mais ativamente e não aceitem coisas prontas. Ele compara esta passividade a “vaquinhas de presépio”.
Por AGRONEWS BRASIL, com informações do IICA