Um dos problemas que também tira o sono dos produtores rurais é a classificação de grãos
Em função disso, estão sempre em busca de capacitação, qualificação e treinamentos para os seus colaboradores. A ideia é ter uma pessoa que entenda do assunto para acompanhar a classificação feita pelas indústrias. Eles reclamam não só dos resultados da classificação, mas também da falta de mão de obra qualificada para atuar no setor.
O produtor rural Marcos André Bertol, de 35 anos, que produz 750 hectares de soja e milho, em Água Boa, conta que fez o treinamento de Classificação de produtos de Origem vegetal – soja e milho ofertado pelo Sindicato Rural em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (SENAR-MT) para ter condições de acompanhar de perto a classificação de sua safra. “Eu sempre tive muitas dúvidas sobre as avarias apresentadas”. Bertol acrescenta ainda que ao entender como é feita esta classificação fica mais fácil de contestar os descontos, caso sejam feitos de forma indevida.
Em 2018, o SENAR-MT realizou mais de 90 treinamentos para capacitar mão de obras para esta área. A instituição oferece três treinamentos, o de Classificação de produtos de origem vegetal soja, Classificação de produtos de origem vegetal milho e Classificação de produtos vegetal soja e milho. O mais solicitado é o de soja e milho. Só para o mês de novembro estão programados 11 treinamentos. Com carga horária de 40 horas, o conteúdo inclui assuntos como equipamentos utilizados para a classificação, determinação de grupo, matérias estranhas, impurezas, umidade, defeitos leves e graves. Os participantes também aprendem como se preenche um laudo e ainda discutem sobre saúde e segurança no trabalho, ética e cidadania.
O instrutor credenciado junto ao SENAR-MT Gilberto Keres, explica que a classificação de grãos determina o quanto o produtor está ganhando ou perdendo. “É uma atividade que avalia a qualidade do produto e auxilia o agricultor no momento em que ele faz a entrega em uma unidade de recebimento”. A demanda por treinamentos aumenta a cada ano e, com isso, surge também uma nova profissão que está em plena expansão. Rafaela Godoi Rodrigues Alves, de 19 anos fez o treinamento de Classificação de produtos de origem vegetal, do SENAR-MT e garante que é uma “porta de entrada” para o mercado de trabalho, no setor do agronegócio. “Para entrar nessa área preciso estar muito bem capacitada”, enfatiza.
Os presidentes de sindicatos rurais confirmam que a procura por classificadores de grãos aumentou consideravelmente nos últimos anos. “Os participantes já saem do curso preparados para atuar no setor e, isso traz total segurança para os produtores na classificação”, enfatiza o presidente do Sindicato Rural de Canarana, Arlindo Cancian. O produtor rural Osmar Frizzo, acrescenta que a falta de profissionais capacitados e qualificados para fazer a classificação de grãos tem sido uma dificuldade para o setor.
A classificação de grãos é um processo que fiscaliza a qualidade dos produtos vendidos pelo produtor a uma cooperativa, cerealista, trading ou indústria. E essa sempre foi uma preocupação para o produtor rural. Se o grão não estiver de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o agricultor pode ter o desconto no pagamento da carga. No caso da soja, a classificação é regulamentada pela Portaria número 262, de 23 de novembro de 1983 que aprova as especificações para a padronização, classificação e comercialização da soja em grãos. O objetivo é definir as características de identidade, qualidade, apresentação, embalagem e as medidas correlatas para soja Glycine max (L) Merril destinada à comercialização.
ABIOVE – A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) tem uma cartilha que mostra detalhes aos produtores sobre as várias fases da soja e a classificação para identificação de cada tipo de defeito do grão e outras normas de segurança. Esta cartilha ainda traz instruções para a retirada de amostra dos caminhões e informações sobre alguns problemas como a soja ardida e a fermentada. A cartilha tem o objetivo de ajudar a esclarecer os procedimentos para que o produtor decida se quer entregar a soja em um determinado estabelecimento ou não. Cada estabelecimento conveniado deve entregar uma tabela de descontos dizendo como os defeitos identificados serão classificados. Outro objetivo da cartilha da Abiove é também realizar um trabalho de parceria com os produtores e fazer o que for possível para evitar divergências na hora da venda.