Parafraseando Nelson Rodrigues, Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, diz ser essencial que o Brasil reconheça seu potencial e não se veja como um país destinado a ficar para trás em relação às grandes revoluções mundiais. Ele ainda reafirmou o compromisso ambiental da grande maioria dos produtores rurais brasileiros, destacando que mais de 98% adotam práticas sustentáveis
No lançamento das novas cultivares de soja da Embrapa, durante a 36ª Show Rural Coopavel, no dia 7 de fevereiro, o Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, fez um chamado enfático ao país. Em um discurso contundente, Fávaro convocou o Brasil a romper com a “síndrome do cachorro vira-lata”, postura que demonstra inferioridade e falta de autoconfiança em relação aos países desenvolvidos.
De acordo com Fávaro, é essencial que o Brasil reconheça seu potencial e não se veja como um país destinado a ficar para trás em relação às grandes revoluções mundiais. “O Brasil e nós todos não podemos, em hipótese alguma termos a síndrome do cachorro vira-lata. Achar que as coisas acontecem, as grandes revoluções acontece em outros lugares do mundo e o Brasil fica sempre pra trás.“, ressaltou o ministro em seu discurso.
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O termo “complexo de vira-lata”, cunhado por Nelson Rodrigues na década de 1950, ecoa até os dias atuais como uma reflexão sobre a autoimagem do brasileiro diante do mundo. A expressão ganhou destaque após a Copa do Mundo de 1950, quando a derrota da seleção brasileira para o Uruguai trouxe à tona uma profunda reflexão sobre a identidade nacional. Para Nelson Rodrigues, o “complexo de vira-lata” representa a ideia de que os brasileiros se veem como inferiores em relação aos demais, especialmente em face dos europeus. Essa crença, segundo o autor, impede que o Brasil atinja seu potencial máximo em diversos aspectos, incluindo o esporte e outras áreas da sociedade, como é o caso do agronegócio citado pelo ministro.
O contexto histórico da época, permeado por ideias de inferioridade racial e autoestima fragilizada, contribuiu para a popularização do termo “complexo de vira-lata“. Autores como Monteiro Lobato, Oliveira Viana e Nina Rodrigues propagavam teorias racialistas que reforçavam a ideia da inferioridade do povo brasileiro em relação a supostas “raças puras“. Nelson Rodrigues buscava, com sua crítica, despertar um sentimento de autovalorização e orgulho nacional. Ele acreditava que o Brasil precisava encontrar sua identidade e reconhecer seu potencial para se desenvolver plenamente como nação.
É importante ressaltar que o “complexo de vira-lata” não se limita apenas ao campo esportivo. Ele permeia diversas esferas da sociedade brasileira como o agronegócio, refletindo-se em questões culturais, sociais e políticas. Reconhecer e superar essa mentalidade é fundamental para que o Brasil possa alcançar seu verdadeiro protagonismo no cenário mundial.
Durante sua fala, o ministro expressou profundo orgulho pela trajetória do país, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento do setor agrícola. Fávaro destacou o papel crucial do agronegócio brasileiro na economia global e ressaltou os avanços conquistados ao longo das últimas 5 décadas.
“Ah, nós do Brasil, fizemos uma revolução para produzir alimentos. Esse é o nosso orgulho. É isso que faz o Brasil ser tão pujante, líder mundial na produção de alimentos. E eu não acredito em coincidências. Eu acredito em providência divina. Eu acredito em trabalho, em dedicação e, portanto, essa dedicação, esse trabalho, as parcerias, os investimentos só acontecem a partir do quando o Brasil, há 50 anos atrás era importador de alimentos, usava uma pequena parte desse país territorial gigante, com a sua agricultura, pecuária e era importador de elementos.“, afirmou Fávaro, evidenciando o avanço agrícola conquistado.
A Embrapa, empresa responsável pela pesquisa agropecuária no Brasil, foi destacada pelo ministro como um dos pilares do desenvolvimento agrícola do país. Ele reafirmou o compromisso do Governo Federal em continuar investindo em pesquisas e novas tecnologias. “A Embrapa, depois de muitos anos, volta a ter concurso público. A Embrapa, depois de muitos anos, volta a ter parque, tem investimento R$ 1 bilhão para poder investir não só nela, mas também nas parcerias com os Estados“, ressaltou Fávaro.
O ministro relembra que a partir do surgimento da Embrapa e da adoção das tecnologias desenvolvidas pela entidade, houve um incremento de 140% de áreas em sistema produtivo, porém a produtividade cresceu 580%, ao longos desses 50 anos. “Isso é ciência. Isso é Embrapa, isso é tecnologia, é parceria, é desenvolvimento do campo no Brasil. Por isso somos competitivos, mesmo com todo atrapalho logístico, com toda a carga tributária, com toda burocracia. É o maior produtor do maior exportador de vários produtos da agropecuária brasileira, com competitividade e com garantia de qualidade.“, enaltece Fávaro.
O ministro reconheceu o compromisso ambiental da grande maioria dos produtores rurais brasileiros, destacando que mais de 98% adotam práticas sustentáveis. Ele enfatizou a importância de valorizar e reconhecer esses esforços na preservação dos recursos naturais e no desenvolvimento de uma agricultura mais responsável. “Esse é um dos desafios que começamos no ano passado, a mostrar que o Brasil está muito preocupado em demonstrar ao mundo o quanto produzimos de forma sustentável. E aí, olhando pelo copo cheio, pela imensa maioria, é fundamental uma fala feita mundo afora. E eu já presenciei por várias vezes, inclusive na COP, da nossa ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, aonde ela diz que menos de 2% dos nossos produtores ainda insistem em cometer crimes ambientais, desmatamentos ilegais, queimadas ilegais, invasão de terras públicas, o que significa, pelo copo cheio, que mais de 98% tem boas práticas e quando isso é pronunciado por ela, reconhecida mundialmente, uma autoridade em tema do meio ambiente é o sinal de que o Brasil está fazendo as coisas certas e começa a ter reconhecimento.“, afirma o ministro.
Apesar dos desafios enfrentados pelo setor agrícola brasileiro, Fávaro ressaltou o reconhecimento internacional conquistado pelo país. Ele destacou a importância de medidas rigorosas para coibir práticas ilegais e proteger aqueles que adotam boas práticas, contribuindo para o bom desenvolvimento da agropecuária nacional.
Concluindo sua fala, o ministro reiterou o compromisso do Brasil com a produção de alimentos de forma sustentável e inovadora. Ele ressaltou a importância de investimentos em pesquisa, tecnologia e parcerias público-privadas para impulsionar o desenvolvimento agrícola do país. “Essa é a nossa vocação. É para isso que Deus colocou esse Brasil. Eu tenho certeza que nós vamos cumprir a nossa missão com o nosso país e com o mundo“, concluiu Fávaro, deixando claro que o Brasil tem muito a contribuir para a segurança alimentar global e para a preservação do meio ambiente.
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