Floresta Amazônica – a maior emissora de CO2 do Brasil

Por Arno Schneider – Eng. Agrônomo e Pecuarista – diretor da ACRIMAT

O título acima caracteriza um grande equívoco, que normalmente acontece quando informamos somente as emissões para determinar o impacto climático de uma atividade. É uma espécie de “pegadinha”.

Embora a informação seja correta, está contando somente uma meia verdade. Se considerarmos somente as emissões a floresta amazônica seria seguramente a maior causa brasileira do efeito estufa.

Para analisarmos a pegada climática de qualquer atividade é necessário fazer o balanço do carbono, colocando todas as emissões e todos os sequestros em pratos opostos.

Na respiração os vegetais absorvem oxigênio e emitem CO2. Porém, através da fotossíntese fazem o processo inverso, absorvendo CO2 e emitindo oxigênio. No caso da floresta amazônica, que abrange quase 3 milhões de km2, apesar de ser a maior emissora de CO2 do Brasil, ela sequestra todo o gás emitido. Todas as florestas primárias em clímax estão nesta condição. Portanto, em estado de neutralidade climática, não sendo nem a faxineira de CO2 da atmosfera nem o pulmão do Mundo.

Se a floresta continuasse sequestrando CO2 indefinidamente, ela já teria alcançado alturas inimagináveis. Informar apenas as emissões ou os sequestros é enganoso e não reflete a pegada climática completa.

Quando se trata dos combustíveis fósseis a análise é bem diferente. As emissões de CO2 começam na extração, aumentam no refino e culminam na queima, adicionando 100% do CO2 produzido na atmosfera, onde permanece por mais de mil anos. Não há sequestros ou atenuantes e todo o carbono emitido vai diretamente para a atmosfera.

Assim como na floresta amazônica, a pecuária também se encontra numa neutralidade com relação ao balanço do carbono.
Via fotossíntese a pastagem sequestra o CO2 que já está na atmosfera. O gado come o capim que é fermentado no rúmen, produzindo o metano que é eructado.

O tempo de vida do metano é apenas de dez anos, quando retorna a sua molécula original, o CO2. As emissões bovinas de hoje, apenas ocuparão o espaço deixado pelas emissões de dez anos atrás. O teor de metano na atmosfera não se alterou. A cada ano, emissões e sequestros se equivalem, o que caracteriza uma neutralidade. O CO2 em que o metano se transformou apenas retornou à atmosfera onde já estava.

Invariavelmente, quando analisam a pegada do metano bovino, só falam das emissões.

É importante destacar que o metano tem um potencial de aquecimento vinte cinco vezes superior ao CO2.

Mas, por ter vida curta é o único gás climático que quando reduzida a sua emissão, em 10 anos terá um impacto benéfico na redução nos GEE da atmosfera, diferente do CO2 cujas emissões vão se acumulando e permanecem por várias centenas de anos na atmosfera.

Portanto, as novas tecnologias pecuárias, que estão reduzindo as emissões bovinas, têm um potencial de contribuir a curto prazo para redução dos gases climáticos.

As emissões antropogênicas de metano são quase irrelevantes num comparativo com as emissões de CO2. Desde o nosso descobrimento todas as emissões de CO2 provenientes das queimadas das florestas desmatadas até hoje que representam 34% do nosso território e todos os combustíveis fósseis queimados nos motores a combustão ainda se encontram na atmosfera. Já no caso do metano, apenas as emissões dos últimos dez anos estão ativas.

Fica claro então, que para analisarmos a pegada climática de cada atividade é necessário fazer uma análise completa das emissões e também dos sequestros e das reduções.

AGRONEWS® é informação para quem produz

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Vicente Delgado

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