Mesmo sendo preliminares, os valores relativos a junho corrente possibilitam visualizar os efeitos da greve dos caminhoneiros sobre a produção animal. Ou seja: o frango – sem dúvida, o mais afetado – registrou incremento de preço de, praticamente, 30%; já o preço do suíno, medianamente afetado, teve a metade desse aumento (15,22%). E o boi, pouco afetado, manteve a marcha normal, seu preço permanecendo praticamente estável (redução de 0,78%)
Não fosse a greve, é provável que frango e suíno tivessem o mesmo comportamento do boi: preços em relativa estabilidade, mas já apresentando tendência de alta em relação ao mês anterior. Tal perspectiva aplicava-se sobretudo ao frango, cuja produção vinha em queda. Não foi por menos que, ainda em maio, antes mesmo da paralisação nacional, seu preço já sinalizava valorização em relação ao mês anterior. A greve apenas exacerbou essa valorização. Mas artificialmente. Tanto que, neste final de junho, seus preços vêm retornando a bases consideradas mais lógicas.
Naturalmente, os ganhos de junho se diluem totalmente quando, em vez do mês, se analisam os resultados do semestre. O frango vivo permanece com um valor médio inferior ao do primeiro semestre de 2017 e 2016 (queda de, respectivamente, 2,89% e 7,29%). Só registra vantagem em relação ao mesmo período de 2015. Mas mesmo esse ganho (de 7,50%) é nominal, continua aquém da inflação que, em três anos, acumula variação de 17%.
Notar que, além do boi, também milho e farelo de soja sofreram redução de preço no mês. Mas isso se deve menos à greve do que à conjuntura internacional que envolve essas duas commodities. De toda forma, as baixas sofridas não alteram o panorama de preços dessas matérias-primas. E, aqui, o avançar mais flagrante é o do milho – que apresenta redução, somente, em relação aos recordes de 2016. Ou seja: neste semestre o milho esteve 24,56% e 46,05% mais caro que em idênticos períodos de 2017 e 2015. O que – ressalte-se – não deve modificar-se daqui para frente.