2017 deveria ser o ano de recomposição econômica da avicultura de corte brasileira
Era o que se esperava. Porque, depois dos fortíssimos (e até então inéditos) desafios enfrentados no decorrer do 2016, dois fatores fundamentais apontavam nessa direção. De um lado, a capacidade instalada; do outro, os custos de produção.
Representada pelo alojamento de reprodutoras de corte no exercício anterior, a capacidade de produção de frangos de 2017 não aumentou: permaneceu, praticamente, nos mesmos níveis dos dois anos anteriores – o que, de antemão, antecipava melhor utilização do potencial instalado, a despeito de uma reconhecida recessão no consumo.
Melhor ainda, no entanto, era a certeza de redução dos custos de produção. Custos que, em 2016, atingiram o maior valor da história e que, com a super safra de milho e soja, vêm registrando decréscimo contínuo desde o final do ano passado.
Porém, acontecimentos posteriores (que não convém rememorar) jogaram por terra todas as expectativas favoráveis. Inclusive a perspectiva, surgida nos primeiros meses de 2017, de se atingir no ano novo e significativo recorde na exportação de carne de frango.
A realidade é que, mesmo havendo redução nos custos e a produção permaneça sob grande controle, os preços recebidos não reagem. Tanto que a primeira metade de 2017 está sendo fechada com o frango vivo alcançando valor médio (pouco mais de R$2,58/kg) cerca de 4,5% menor que o registrado nos mesmos seis meses de 2016 (perto de R$2,70/kg).
Naturalmente, essa baixa é aceitável se considerada apenas a baixa dos custos de alimentação. Mas totalmente incompatível com a necessidade de repor as perdas acumuladas no decorrer de 2016, ocasião em que, para minimizar prejuízos, o setor se viu compelido a reduzir a produção.
O detalhe, neste caso, é que as quedas de preço ocorridas no semestre não se restringem à ave viva, alcançam também o frango abatido. Que, embora em índice inferior, também completa o primeiro semestre de 2017 com um preço menor que o de idêntico período de 2016. Tome-se por base, como exemplo, o frango abatido resfriado comercializado no grande atacado da cidade de São Paulo: no primeiro semestre do ano passado ele alcançou valor médio de R$3,51/kg; neste ano não passou de R$3,37/kg – redução de, praticamente, 4%.
Uma vez que os preços do segundo semestre de 2016 chegaram a valores significativamente maiores que os registrados nos seis primeiros meses de 2017, torna-se impossível alcançá-los no decorrer do corrente semestre. Assim, infelizmente, no decorrer destes próximos seis meses as perdas tendem a se intensificar.
Fonte: Avisite