Desde seu lançamento anos atrás, as divulgações (semanais) da SECEX/MDIC acerca do andamento das exportações brasileiras se tornaram um referencial importantíssimo para a avicultura de corte, pois os números relativos aos embarques de carne de frango passaram a indicar, com boa precisão, o real andamento das vendas externas do produto, tornando-se inclusive ferramenta na manutenção do equilíbrio da produção
Isso, infelizmente, se perdeu a partir do instante em que o órgão do MDIC iniciou a implantação de nova metodologia de compilação dos dados, processo que gerou uma grande distorção nos resultados divulgados e que – a própria SECEX adiantava – seria equacionada em poucos meses.
Espera-se que quatro meses tenham sido suficientes para, senão resolver, minimizar o problema. Pois desde abril os dados semanais (assim como os mensais) deixaram de ser referência sobre o andamento das exportações de carne de frango. O recorde de julho passado, por exemplo, foge totalmente à realidade, sendo impossível acreditar que de um mês para outro o volume embarcado tenha dobrado e atingido um recorde absoluto. Justo quando os desafios externos se tornam mais visíveis?
Mas, afinal, como se comportou, de verdade, o mercado nesses últimos quatro meses? Difícil dar a resposta correta. Mas um fato é certo: nem os embarques de abril e junho foram tão baixos (quanto se divulgou), nem os de maio e julho foram tão elevados.
Não é difícil demonstrar isso: basta – recorrendo aos dados mensais da SECEX/MDIC – contrapor a média diária embarcada em cada um desses quatro meses às médias diárias de meses (e anos) anteriores (gráfico abaixo).
Neste caso, fiquemos com o bimestre junho-julho. É absolutamente improvável não só que os embarques de junho tenham se limitado a apenas 10.486 toneladas diárias, mas também que os de julho tenham chegado, praticamente, às 20 mil toneladas diárias. Porque ambos fogem totalmente à média dos meses anteriores.
Na falta de informações mais coerentes, o lógico, talvez, é considerar as médias observadas nesses quatro meses. No bimestre abril-maio, a média ficou em pouco mais de 13 mil toneladas/diária. E como ambos tiveram 21 dias úteis, o volume mensal efetivo deve ter girado em torno das 275 mil toneladas (lembrar que em abril começou a vigorar o embargo europeu e em maio ocorreu a greve dos caminhoneiros – daí um baixo volume nos dois meses).
Já no bimestre junho-julho a média diária sobe para cerca de 15.205 toneladas. Isto, nos 21 dias úteis de junho, representa embarque total de, aproximadamente, 319.300 toneladas. E, nos 22 dias úteis de julho, pouco mais de 334.500 toneladas.
Notar que essas projeções não alteram o total apontado pela SECEX/MDIC para o quadrimestre: pouco mais de 1,2 milhão de toneladas. Mas estão mais condizentes com o quadro presente do setor. E, com certeza, também servem como referencial do andamento real das exportações.
A destacar ainda, no gráfico abaixo, que a média diária dos sete primeiros meses de 2018 – 14.745 toneladas – se encontra 7% abaixo da média diária registrada nos 12 meses de 2017 (15.874 toneladas/dia). Ou seja: é, também, uma redução condizente com as atuais condições de mercado. E as distorções registradas se concentram no quadrimestre abril-julho.