Após encerrar maio sem negociações (devido à greve dos caminhoneiros) e, em decorrência disso, com uma cotação nominal congelada em R$2,50/kg, nos dois primeiros dias de vendas de junho o frango vivo disponibilizado no interior paulista obteve dois ajustes de dez centavos cada – uma raridade no setor – e, assim, encerrou a semana cotado a R$2,70/kg
Não deve parar por aí, naturalmente. E não só porque estejamos entrando no período de vendas mais intensivas do mês (época de pagamento de salários), mas principalmente porque o volume produzido retraiu-se bem acima do esperado e por, adicionalmente, enfrentar quebra de produtividade que combina elevação de mortalidade e baixo rendimento (pela falta de ração).
Essa é, tudo indica, a oportunidade para que o setor obtenha remuneração compatível com os custos, que seguem crescendo. Pena, somente, que se caminhe para uma futura estabilidade econômica por vias tão dolorosas quanto as observadas no último decêndio de maio.
E ainda falta muito para que se chegue ao ponto de “empate” com o custo. Em abril, o custo levantado pela Embrapa Suínos e Aves foi de R$2,84/kg (valor de referência, aplicável a aviário com climatização positiva no estado do Paraná). Como, nos últimos meses, esse custo vem aumentando a uma média de 3% ao mês, pode, a esta altura, ter chegado aos R$3,00/kg. E, por ora, estamos a 90% desse valor.
Uma vez que, 30 dias atrás, o frango vivo alcançava seu menor valor do ano – R$2,20/kg – os ajustes obtidos entre maio e junho somam 50 centavos e representam um ganho de 22,72%. Seria um desempenho estimulante não fosse a forma como está sendo alcançado.
ET.: Em Minas Gerais, nos dois primeiros dias de comercialização de junho o frango vivo manteve a cotação de R$2,65/kg, alcançada em 16 de maio. Mas como o mercado local permanece firme, os ajustes podem ser imediatos.