Enquanto, de um lado, o frango vivo enfrenta um longo período de estabilidade de preço – no interior paulista, 66 dias tendo como cotação referencial o valor de R$3,00/kg, mas negociado, na prática, por R$2,80/kg – do outro lado o frango abatido enfrenta as variações típicas da economia brasileira – alta naquele curtíssimo período de duração da massa salarial no mercado e baixa em cerca de dois terços do mês
Porém, embora passageiras, as altas do frango abatido deixam a impressão de que o retorno obtido pelo produto vem sendo melhor que o da ave viva. Uma impressão que ganha força quando se constata que, como efeito da greve dos caminhoneiros, o frango abatido obteve valorização muito acima da obtida pelo frango vivo. Mas não é bem assim.
Partindo de um índice 100 no primeiro dia de 2018, constata-se que nos quatro primeiros meses do ano os preços do frango vivo e do abatido caminharam “pau a pau”, ou seja, com valorizações e desvalorizações idênticas.
Em maio – e bem antes de deflagrada a greve dos caminhoneiros – começa o divórcio entre os dois preços. Naturalmente, como resultado de uma melhor adequação da produção a um mercado mais restrito. Neste caso, o frango abatido saiu na frente, mas logo foi seguido (embora em menor proporção) pelo frango vivo.
A greve apenas potencializou um processo já em andamento. E como afetou sobretudo o funcionamento dos frigoríficos, beneficiou muito mais o frango abatido. Em contrapartida, normalizado o abastecimento, o recuo de preço do frango abatido foi muito mais incisivo do que o do frango vivo.
A realidade é que, neste final de agosto, ambos mantêm praticamente a paridade de preços do início do ano, o frango abatido registrando valorização (?) de 2,29% e o frango vivo de 3,70% – diferença inferior a um e meio ponto percentual, enquanto no início de junho, por exemplo, a diferença (aqui, a favor do frango abatido) chegou a superar os 40 pontos percentuais.
Não só isso, porém. Pois, na média do ano, esse grau de paridade se mantém. Mas com uma agravante: o valor alcançado tanto pelo frango vivo como pelo abatido permanece aquém daquele registrado nos primeiros dias do corrente exercício. Ou seja: frango vivo e abatido registram, na média, valor correspondente a 95,47% e 97,09% (diferença de apenas 1,62 ponto percentual) do preço obtido no início de 2018.