Impedir a disseminação, mundo afora, dos vírus causadores da Influenza Aviária é tarefa praticamente impossível
Porque, de um lado, seus maiores vetores são as aves aquáticas selvagens – migratórias e portadoras assintomáticas do vírus; e, do outro lado, porque as alterações no meio ambiente interferem no processo migratório dessas aves, fazendo com que cheguem e contaminem locais inusitados. E o pior, nesse processo, é que o cruzamento de rotas migratórias conduz à recombinação do vírus, dificultando ainda mais o controle da doença.
Sob tais circunstâncias, a vigilância permanente é fundamental. Mas nem sempre é eficiente. Pois, em essência, é realizada por amostragem, através da coleta de sangue de aves selvagens capturadas em santuários ecológicos e, ainda,pela análise das aves mortas encontradas nesses refúgios.
Todos os países com produção avícola representativa fazem isso, inclusive o Brasil. Mas, por exemplo, vigilância do gênero mantida na América do Norte com extremo rigor pelos governos do Canadá e dos EUA até agora não conseguiu impedir que a Influenza Aviária se instalasse na avicultura dos dois países. Nos EUA, o surto ocorrido entre 2014 e 2015 levou à morte (pela doença ou por sacrifício sanitário) quase 50 milhões de aves, com custos estimados em US$3,3 bilhões.
A fragilidade do atual sistema de vigilância também foi observada por pesquisadores integrantes da Rede Cooperativa Canadense para a Saúde da Fauna (CWHC na sigla em inglês). Daí a busca por melhores métodos de detecção da presença do vírus. Um deles, em avaliação no momento, muda o foco do sistema de vigilância: em vez de analisar as aves (presumivelmente portadoras do vírus), o processo analisa as fezes dessas aves – ou, mais exatamente, os sedimentos das terras úmidas dos santuários ecológicos, locais onde se concentram os excrementos das aves migratórias.
De acordo com o CWHC, um estudo piloto foi capaz de detectar a presença do vírus da Influenza Aviária em até 37% das amostras de sedimento, em comparação com uma taxa de detecção inferior a 1% obtida pelo atual programa de vigilância de aves selvagens mantido pelo governo canadense.
Esse estudo transformou-se em um projeto de pesquisa apoiado pelo governo e diversas instituições canadenses. Com ele, pretende-se refinar a nova tecnologia e obter uma validação de campo em larga escala. Nele também serão analisadas amostras de sedimentos de granjas avícolas para identificar fatores que promovam ou impeçam a contaminação ambiental pelo vírus da Influenza Aviária – o que pode conduzir a alterações dos atuais sistemas de biossegurança.
Fonte: Avisite