IMEA apresenta balanço agropecuário 2018 e as projeções para 2019

Durante a coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira(13), no auditório da FAMATO, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apresentou uma retrospectiva das principais commodities do estado em 2018 e as perspectivas para 2019 do mercado agropecuário em Mato Grosso.

O superintendente do Imea, Daniel Latorraca, fez a apresentação dos dados levantados pelo Instituto e segundo ele, os números ainda que favoráveis sofreram variações significativas com os impactos causados pela paralisação dos caminhoneiros, variação do dólar e tabelamento do frete. O evento contou com a presença do Presidente do sistema FAMATO, Normando Corral.

O início da apresentação foi pautado na conjuntura econômica do estado, onde resumidamente foram destacados os seguintes pontos:

  • Dólar em 2018 operou na média de R$3,64, atingindo máxima de R$ 4,18 e mínima de R$ 3,13. As oscilações mais acentuadas ocorreram principalmente em período eleitoral;
  • A recuperação econômica abaixo do esperado, a estagnação no andamento da reforma da previdência e o período eleitoral turbulento, fizeram com que alguns indicadores econômicos como PIB, taxa de juros, inflação, entre outros fossem revisados;
  • Greve dos caminhoneiros impactou sobre a produção industrial e arrecadação tributária, gerando como consequência queda nas projeções do PIB para 2018;
  • A taxa de desemprego brasileira teve leve queda em 2018. Confiança dos investidores ainda está sendo retomada gradativamente.

Já como perspectiva para 2019, os pontos observados foram:

  • Câmbio pode atuar de maneira mais neutra em 2019, caso seja cumprida a agenda de reformas propostas pelo novo governo. Expectativa do relatório Focus é de R$ 3,80 para o fim do período;
  • Expectativa é de que a economia brasileira cresça de forma mais acelerada no próximo ano (2,5%), segundo relatório Focus. Controle dos gastos públicos e reforma da previdência serão importantes fatores para aumento da confiança dos investidores e retomada nos empregos.

No caso das commodities, começando com a Soja, os números apresentaram um aumento na área plantada de 1,64%, sendo que em termos de produtividade houve uma redução de -1,83% e já na produção totalizada, percebe-se que há praticamente um empate técnico. Lembrando que estes dados são projeções da safra 18/19.

*Projeções

Um dado interessante apresentado pela primeira vez à imprensa, foi a evolução da área de produção de soja convencional(Não-transgênica) e GMO (Geneticamente modificada) em Mato Grosso. Segundo Daniel, na variação observada na safra 16/17 para 17/18, percebe-se um aumento na área destinada a soja convencional, isso pressionou o preço do grão, pois são exportados para mercados especiais, não estimulando os produtores a plantarem o mesma quantidade de área neste ano, retomando o aumento  da área destinada a soja GMO na próxima safra.

Como retrospectiva para a produção de soja no estado, os fatores que influenciaram foram:

  • As boas condições climáticas para o desenvolvimento das lavouras e na hora da colheita garantiram bons resultados na produtividade na última safra;
  • Disputa comercial entre Estados Unidos e China;
  • Greve dos caminhoneiros e tabelamento dos fretes rodoviários;
  • Exportações de soja em grão recordes.
Funding da Soja

Como perspectiva, destaca-se:

  • Com o ritmo acelerado na semeadura, a expectativa é de adiantamento da colheita no Estado;
  • Incertezas quanto às cotações mundiais, perspectiva de entendimento e reaproximação entre Estados Unidos e China;
  • Perspectivas inicial de aumento nos custos de produção para a safra 19/20.

No decorrer da coletiva, também foram apresentados dados relativos a produção de Milho, Algodão, Bovinocultura de corte e leite.

MILHO

Retrospectiva do Milho:

  • Safra com produção reduzida devido ao alto custo produtivo e atrasos no período da semeadura em algumas regiões, mas ainda se destacando como a segunda maior;
  • Preços mais valorizados quando comparado ao último ano, diante da menor produção em outros estados produtores brasileiros e melhores cotações do dólar e na CME;
  • Apesar de uma produção menor nessa safra, os preços mais valorizados do milho nesse ano colaboraram para uma melhor rentabilidade ao produtor mato-grossense.

Perspectiva:

  • O adiantamento da semeadura da soja traz a perspectiva de ampla janela para a semeadura do milho, o que pode colaborar para o aumento da área em todo o país;
  • Este cenário traz atenção quanto aos preços, que podem sofrer pressão caso haja uma ampla oferta no mercado interno;
  • Assim, o fator climático será determinante para a definição da produção e preços no próximo ano.
ALGODÃO

Retrospectiva do Algodão:

  • Produção recorde de algodão em caroço em MT, devido ao aumento da área semeada, bons volumes de chuvas no período de desenvolvimento das lavouras e alto investimento tecnológico;
  • Valorização da pluma influenciada pela alta demanda do mercado externo e aumento nas cotações do dólar;
  • As exportações da pluma mato-grossense têm apresentado importante share nos embarques do país, sendo esperado um volume considerável até o final da safra.

Perspectiva:

  • Previsão de mais uma área e produção recorde de algodão em Mato Grosso;
  • As condições climáticas serão um fator decisivo para a nova safra, visto que a previsão é de ano de El Niño. No momento as perspectivas são boas em decorrência do adiantamento na semeadura da soja;
  • Com a demanda pelo algodão ainda aquecida no mercado externo, é esperado que o próximo ano apresente um novo recorde nas exportações da pluma mato-grossense.

Retrospectiva da Bovinocultura de corte:

  • Expansão na oferta de animais aptos para o abate, devido a atual conjectura do ciclo pecuário;
  • Diferentemente do Brasil, as exportações de proteína bovina mato-grossense não cresceram em relação a2017, fator que pode ser justificado pela maior dificuldade logística enfrentada por MT , principalmente,durante a greve dos caminhoneiros;
  • Redução do desemprego, aliado a expansão econômica, auxiliaram na recuperação da demanda interna, fator que deu maior sustentação aos preços do boi gordo em 2018;✓ Mercado de reposição mais aquecido, com cotações dos animais apresentando valorização frente a 2017.

Perspectiva:

  • Expectativa de recuperação econômica mais intensa, atuará a favor das cotações do boi gordo em 2019;
  • Com a consolidação da China/Hong Kong e a volta da Rússia as compras, as exportações de carne bovina mato-grossense podem ser boas em 2019, no entanto, o resíduo diplomático com países árabes pode afetar diretamente os envios;
  • No ciclo pecuário, o descarte de fêmeas já começa a “perder” fôlego, e, com os preços do bezerro valorizando,a retenção destas fêmeas já pode começar a acontecer no próximo ano.

Retrospectiva da Bovinocultura de leite

  • No acumulado de 2018, a captação de leite no Brasil ficou no mesmo patamar do que foi visto em 2017,salvo nos meses de maio/18 e junho/18 devido à greve dos caminhoneiros;
  • Com o baixo desempenho na demanda por lácteos e o dólar em patamares altos, as importações brasileiras reduziram 14,6% em volume;
  • Em Mato Grosso, o nível de oferta de leite durante este ano foi menor do que em 2017. No mês da greve,(maio/18), a captação registrou a maior queda (10,2%) no comparativo anual;
  • Além da paralisação, o aumento no custo de produção, bem como a demanda em lenta recuperação foram os principais fatores que afetaram a produção em 2018, principalmente em Mato Grosso.

Perspectiva:

  • Para 2019, a recuperação econômica pode favorecer melhores preços pagos aos produtores de leite no país;
  • Há expectativa de aumento na produção brasileira, contudo, o clima e os custos de produção serão decisivos para isto;
  • Com o aumento na produção, o volume importado de produtos lácteos tende a continuar reduzindo,propiciando maior dinamismo no mercado interno, com aumento nas cotações.

Entrevistado pelo portal AGRONEWS BRASIL sobre a potencialidade do estado em se tornar a maior bacia leiteira do país, Daniel Latorraca concorda que temos condições muito favoráveis para isso, “Nós temos área, já temos uma pecuária muito forte, a Bovinocultura de corte é maior do Brasil, mas na do leite a gente ainda ocupa a 10ª posição, então nós sabemos que temos uma oportunidade muito grande neste sentido”, destaca.

Os diferenciais, apontados durante a entrevista, que garantem esse potencial produtivo é de que Mato Grosso conta uma cadeia bem estabelecida, os insumos utilizados para a produção da ração animal são encontrados em abundância e com fácil acesso, temos grandes produtores e tecnologia disponível para este avanço.

https://www.youtube.com/watch?v=GKvCnyXNmuI

Embora não tenha sido abordado durante a coletiva de imprensa, perguntamos ao Superintendente do IMEA sobre a Piscicultura, pois hoje MT é considerado o quarto maior produtor do Brasil, segundo dados do IBGE, com 95% da sua produção concentrada em peixes nativos, entre eles o Tambaqui, o Pintado e a Tabatinga (híbrido resultado da cruza do Tambaqui com a Pirapitinga). Após a aprovação da Lei 10.669, no início do ano, o estado agora conta com mais uma espécie para produção em larga escala, em um mercado em plena expansão: a Tilápia. Essa espécie exótica é produzida há mais de 50 anos no Brasil com altos índices de produtividade e qualidade de carne excepcional.

Segundo Daniel, semelhante ao cenário do leite, nós temos ambiente e condições muito favoráveis de competitividade em relação ao preço dos insumos utilizados na ração. Além disso, não enfrentamos nenhum problema com relação a falta de chuvas ou áreas com lâminas d´água.

Mas ele ressalta,”Para isso acontecer, nós temos que atrair novos investimentos e fazer com que essa cadeia cresça também e atinja patamares que já são observados na cultura de grãos e na Bovinocultura de corte”, finaliza.

https://www.youtube.com/watch?v=Ns5azgh-jGE

Logo abaixo, você pode acompanhar toda a apresentação que foi transmitida ao vivo pela Fanpage do sistema FAMATO.

Por: Vicente Delgado | AGRONEWS BRASIL.

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