O projeto Rentabilidade no Meio Rural em Mato Grosso, divulgado nesta sexta-feira (24/11) pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), mostra que a produção de soja na safra 2016/2017 foi rentável para o produtor rural mato-grossense.
Em contrapartida, o milho cultivado fora de um sistema integrado não apresentou resultados tão positivos nessa mesma safra.
O custo de produção da cana-de-açúcar teve crescimentos expressivos, mas, ainda assim, o mercado internacional, principalmente de açúcar, tem remunerado muito bem. O algodão segue uma tendência diferente, a cada safra a sua rentabilidade aumenta. E, na silvicultura, o eucalipto tem tido problemas econômicos em seu ciclo, enquanto a teca, que possui um ciclo médio de 20 anos, consegue pagar seu custo de produção no último corte.
Essas foram algumas das conclusões dos dados econômicos de 2017 das principais culturas mato-grossenses e dos sistemas integrados de produção que o Imea apresentou do projeto feito em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Realizado desde 2012, o projeto também levantou os custos de produção da pecuária e analisou a rentabilidade das 11 propriedades rurais que são Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTEs). “O grande objetivo dessa parceria é gerar informações que poderão ser utilizadas pelo produtor rural para mitigar os riscos da produção agropecuária. Afinal, o produtor não consegue brigar com o preço, mas pode, por meio do conhecimento dos custos e do mercado, maximizar o seu lucro”, informou o gestor de Projetos do Imea, Paulo Ozaki.
Ozaki apresentou o custo de produção das culturas solteiras em Mato Grosso. O levantamento foi feito durante todo o ano em 13 municípios do estado por meio de painéis com produtores rurais em que são montadas propriedades modais, ou seja, uma propriedade típica da região. O gestor afirmou que os resultados possuem uma assertividade muito grande porque as informações são fidedignas já que são apresentadas pelos próprios produtores.
O estudo mostrou que na safra 2016/2017 de soja o Custo Operacional Total (COT) foi menor que a receita, com isso o produtor conseguiu, apesar da variação cambial, ter lucro com a oleaginosa. Segundo Ozaki, grande parte da redução dos custos deve-se ao decréscimo de 25% no valor dos fertilizantes e defensivos nos últimos dois anos, itens que mais pesam no custo. “Mesmo com o aumento de 100% nos custos com sementes, a atividade continuou rentável”.
Os baixos preços pagos pelo milho não são exclusividade desta última safra, entretanto o crescimento da produção de etanol a partir do cereal pode ser uma oportunidade de melhorias nos resultados econômicos da cultura. Assim como o eucalipto, matéria-prima para a produção de biomassa nas usinas.
Na pecuária, o estudo analisou os dados da bovinocultura de corte, de leite e da piscicultura. Na bovinocultura de corte foram coletadas informações do sistema de cria, recria e engorda e do ciclo completo. Ozaki ressaltou que a produtividade em Mato Grosso é bem próxima da média nacional e 2017 foi um ano conturbado para a pecuária mato-grossense, com a diminuição do preço da arroba. “Entretanto, a pecuária é um pouco mais estável e, felizmente, houve redução no custo de produção com a queda no preço da alimentação. Com isso a cadeia conseguiu manter-se rentável”.
O evento contou ainda com a participação do diretor Executivo da Estratégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI), Fernando Sampaio, que apresentou metas do desenvolvimento sustentável do Estado e com a palestras do gestor técnico do Imea, Ângelo Ozelame, sobre Mercado Agropecuário de Mato Grosso. O superintendente do Senar-MT, Otávio Celidonio, o superintende do Imea, Daniel Latorraca, e o pesquisador da Embrapa, Flávio Wruck, abriram o evento.
Sistema Integrados – Com uma área de 1,5 milhão de hectares e um potencial gigantesco de crescimento, os sistemas integrados em Mato Grosso são rentáveis e produtivos. A conclusão é de mais um ano de avaliação nas URTEs e do estudo de caso de propriedades comerciais que investem na integração de culturas.
Todas as unidades de referência apresentaram lucratividade. As URTEs são propriedades em que o produtor aceitou ceder uma área para o experimento, onde foram testadas diversas configurações, diferentes tipos de pastagens e rotações. Elas estão localizadas em diversas regiões do estado, para que sejam estudados diferentes tipos de solo e perfis econômicos regionais.
“Conforme o estudo, a fazenda Bacaeri, que pratica Integração Pecuária Floresta (IPF) com teca no norte de Mato Grosso, obteve um retorno do investimento projetado para o final do ciclo da teca de R$ 4,70, ou seja, para cada um real investido, o produtor possui o retorno positivo de R$ 3,70”, informou a consultora da Rede TT ILPF da Fundação Eliseu Alves, Mariana Takahashi.
Na fazenda Dona Isabina, localizada no município de Santa Carmen, com a prática do sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) obteve R$ 0,83 de retorno a cada R$ 1,00 investido. Enquanto a fazenda Gamada, de Nova Canaã do Norte, teve um retorno de R$ 0,64 com a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF).
O estudo de caso da fazenda Platina, propriedade comercial que tem implantado o sistema de Integração Lavoura Pecuária (ILP) com ciclo completo e plantio de soja, apresentou a lucratividade de R$ 2,79. “Isso é um real a mais de lucro em relação a uma propriedade modal de lavoura, que possui lucratividade de R$ 1,62”, disse o analista do Imea Miqueias Michetti.
Fonte: Ascom Famato