Iniciativas para neutralidade de carbono precisam estar aliadas à responsabilidade social

“A fome e a miséria não podem ser aceitas em nossa sociedade, o que significa que as urgências sociais nos impulsionam a trabalhar de forma conjugada a prioridade ambiental com a responsabilidade social e econômica”, declarou Ingo Ploger, vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), durante a abertura do 3º Workshop Diálogo UE-Brasil, promovido pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN), em Brasília, no dia 26 de junho.

Ploger enfatizou que, devido à disparidade entre as realidades dos hemisférios Norte e Sul, o G20 precisa avançar em uma agenda ambiental diferenciada que leve em conta a responsabilidade social. “O Brasil é protagonista na exportação de alimentos para o mundo e não é possível ter fome por aqui”, afirmou ele.

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Redução de Metano e Produção Sustentável de Biogás

O workshop focou na redução do metano na agricultura e nos setores de resíduos urbanos por meio da produção sustentável de biogás e biometano. Ploger destacou a importância desse tema, uma vez que o metano é um gás de efeito estufa (GEE) que contribui para o aquecimento global. No entanto, ele ressaltou que é necessário diferenciar entre o metano de origem fóssil e não fóssil (biometano).

Ploger citou o etanol como um exemplo positivo, destacando que ele é produzido a partir de matéria-prima fotossintética, que gera oxigênio, captura carbono e, por ser endotérmico, reduz o calor. “Ao olhar o ciclo do etanol, percebemos os benefícios na redução do impacto ambiental”, disse.

Ele também destacou a importância de melhor posicionar os ativos ambientais existentes no país e a necessidade de tratar o biometano de maneira adequada, utilizando tecnologias europeias para ajudar na transição energética. O Brasil, conforme divulgado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), apresenta um passivo de mais de 1 bilhão de toneladas de carbono oriundo da agricultura, sendo a maior parte atribuída ao metano proveniente de ruminantes.

Controvérsias e Expectativas para a COP30

Entretanto, a métrica do metano atribuída ao rebanho bovino é controversa. Myles Allen, professor da Universidade de Oxford, argumenta que não se pode comparar os ruminantes a petroleiras, pois eles fazem parte de um ciclo natural milenar e se alimentam de biomassa. Na COP30, espera-se que o Brasil apresente uma nova metodologia para o biometano que considere esses fatores baseados em ciência reconhecida.

Presenças Notáveis no Evento

A abertura do 3º Workshop Diálogo UE-Brasil contou com a participação de diversas figuras importantes, incluindo Marian Schuegraf, embaixadora da União Europeia no Brasil; Waldez Góes, ministro da Integração e Desenvolvimento Regional; os senadores Zequinha Marinho e Marcelo Castro; os deputados Arnaldo Jardim, Daniel Almeida e Socorro Neri; e Eduardo Corrêa Tavares, secretário Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.

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Sobre a ABAG

Criada em 1993, a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) visa promover o desenvolvimento sustentável no agronegócio brasileiro, aproximando o setor da economia nacional e internacional. A ABAG é a única associação que reúne todos os elos da cadeia agroindustrial, desempenhando um papel fundamental no fortalecimento das relações com o governo, a iniciativa privada, entidades de classe e instituições de ensino. Com mais de 75 associados e uma presença forte no calendário de eventos do agronegócio, a ABAG promove palestras, entrevistas, debates, fóruns, congressos, workshops e feiras, essenciais para o avanço do mercado e dos profissionais do setor.

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