Acrimat pede isenção do imposto depois que a JBS anunciou como política geral comprar matéria-prima apenas a prazo, com pagamento em 30 dias
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) considera a isenção temporária do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na venda de gado mato-grossense para outros Estados a única salvaguarda contra a decisão da JSB de suspender a aquisição de animais à vista.
De acordo com informação apurada pelo Portal DBO, a empresa padronizou todos os seus processos de compra de gado no Brasil há três semanas, adotando o pagamento unicamente a prazo (em 30 dias) para a aquisição de bois terminados. Segundo a nota enviada ao Portal, essa política já era adotada, antes da delação de Joesley Batista, em 97% das praças onde a JBS atua.
Diante do posicionamento da empresa, de suspender as compras à vista em 3% das praças em que praticava esse tipo de negociação no país (a JBS não informou quais praças eram essas), a Acrimat pediu ao governo de Mato Grosso a isenção da alíquota de 7% para a venda de animais a outros Estados.
Discussões – Em evento organizado pelo Santander em Cuiabá, MT, nesta quinta-feira, 25, Luciano Vacari, diretor executivo da Acrimat, disse que uma possível redução da alíquota para 2,5%, avaliada pelo governo de Mato Grosso, não seria aceita. “Se a indústria tem o direito de fazer o que quer, temos o direito de salvaguardar os pecuaristas e poder dar mais competitividade ao gado de Mato Grosso, lembrando que a JBS tem 48% do abate aqui e 34% do Brasil”, disse durante o Seminário A Força do Campo.
De acordo com Vacari, mesmo com a série de notícias negativas para o setor – decorrentes da Operação Carne Fraca e da crise da JBS – o abate segue normal nos frigoríficos, a compra de gado prossegue, o consumo de carne não recuou no país e as exportações cresceram. “Assim, não há justificativa para quedas recentes no preço da arroba bovina”, afirmou.
Depois da Operação Carne Fraca, a arroba bovina cedeu 10%. Desde a semana passada, com a delação da JBS, o recuo observado em algumas praças do Estado é de até R$ 6 por arroba.