As cotações do leite ao produtor terminaram o ano de 2018 em queda, mas já em janeiro de 2019 observa-se um cenário de inversão de tendência
Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a “Média Brasil” líquida de janeiro (referente à captação de dezembro) foi de R$ 1,2836/litro, aproximadamente 4% (ou 5 centavos) acima do valor registrado no mês anterior. A alta foi mais intensa nos estados do Sul do Brasil, mas, por outro lado, no Sudeste, os preços se mantiveram praticamente estáveis. A valorização do leite no campo esteve atrelada à oferta limitada e ao aumento da competição entre empresas para assegurar matéria-prima.
Apesar de, no geral, 2018 ter sido um ano de elevação dos preços ao produtor, os custos de produção subiram justamente no último trimestre daquele ano, período em que a receita do pecuarista recuou – o que freou novos investimentos. Além disso, no final de 2018, as assimetrias de informações e ações especulativas diminuíram a confiança de produtores em seguir aumentando a produção, limitando a oferta já em janeiro. Além disso, há que se considerar que o excesso de chuvas no Sul e a escassez no Centro-Oeste também impactaram a atividade.
A expectativa para fevereiro é de que os preços aumentem ainda mais, uma vez que, durante janeiro, as empresas acirraram a disputa por fornecedores e elevaram os patamares de negociação. Além disso, os mercados do leite spot (negociação entre indústrias) e do leite UHT (longa-vida), importantes direcionadores do preço no campo, também reagiram. No primeiro mês de 2019, a maior demanda das indústrias pelo leite spot impulsionou sua valorização em 37,6% na média de Minas Gerais. No caso do UHT, o preço médio recebido pelas indústrias no estado de São Paulo registrou alta acumulada de 6,5% de 2 a 29 de janeiro.
MUDANÇA DA METODOLOGIA – A partir de janeiro de 2019, os preços médios do leite ao produtor passaram a ser calculados pelo Cepea com base em uma nova metodologia. As principais mudanças são: coleta de dados desagregada por produtor; nova nomenclatura para preços mínimos e máximos, que passam a ser “preço médio do menor estrato de produção (maior que 200 litros de leite por dia) ” e “preço médio do maior estrato de produção (maior que 2.000 litros de leite por dia) ”; novo cálculo das médias estaduais e da “Média Brasil”, que passam a ser ponderadas pelo volume da amostra.
Fonte: Cepea