A atividade será beneficiada pela redução dos gastos com suplementação do animais, devido a ampla oferta de milho no mercado interno, diz a executiva do IBGE, Ângela da Conceição Lordão.
A queda dos custos de produção do leite e o aumento dos preços pagos ao produtor por litro devem garantir um bom ano aos pecuaristas. A junção desses fatores sustenta ainda a perspectiva de incremento na produção para este ano.
“O valor pago ao produtor registrou o quarto aumento consecutivo”, afirmou o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Thiago Rodrigues.
A queda na produção no ano passado sobre 2015, para 33,6 bilhões, de litros aumentou a disputa pelo produto e, consequentemente, os ganhos do produtor. No fechamento do mês de maio, o preço por litro atingiu R$ 1,39, equivalente a alta de 9,4% em relação a janeiro, quando o valor médio pago ao produtor era de R$ 1,27. “Para junho, esperamos a manutenção dos preços, mas ainda assim o cenário é favorável”, avalia Rodrigues.
O motivo é a entrada da safrinha de milho no mercado, o que deve reduzir os gastos com a alimentação dos animais. Conforme o assessor, há um ano a saca de 60 quilos do grão custava R$ 44, impactada pela quebra na produção que fez com que a cotação disparasse. Em junho deste ano, os preços cobrados pela saca estão na casa dos R$ 26, na média nacional, uma redução de 42%.
O milho é essencial em duas etapas da alimentação das vacas leiteiras. O concentrado responde por 30% a 40% dos custos. Contando com a silagem, o grão responde por 70% dos gastos do produtor. “Os preços do milho estão caindo desde o final do ano passado, mas o impacto vai ser sentido mais agora, com o inverno.”
Nos últimos 12 meses o custo diário de alimentação das vacas leiteiras caiu 42%, incluindo a alimentação a pasto e a suplementação. Há um ano, o gasto era de R$ 3,73 por vaca por dia, considerando um animal com produção de 15 litros. “É uma economia de R$ 1,56”, salientou Rodrigues.
A expectativa positiva é compartilhada pela superintendente de atividade pecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ângela da Conceição Lordão. “O aumento na oferta de milho deve reduzir o custo de produção também para aves e suínos”, acrescentou ela.
Trimestre
O levantamento trimestral de abate do IBGE referente ao primeiro trimestre deste ano já começa a refletir esse impacto. Mas, segundo ela, a influência dos preços do milho deve se intensificar nos trimestres seguintes, caso a safra recorde no Brasil se confirme.
Segundo o IBGE, a aquisição de leite pelas indústrias de janeiro a março atingiu 5,87 bilhões de litros, quebrando a sequência de duas quedas consecutivas no período. O volume é 5,9% menor que do trimestre anterior e 0,1% maior que o do mesmo período do ano passado.
Os abates de frango também cresceram 0,3% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Foram abatidas 1,4 bilhões de aves. Já os abates de suínos somaram 10,4 milhões de cabeças, aumento de 2,6% ante o primeiro trimestre de 2016. Nos dois segmentos as exportações tiveram papel relevante para os resultados, assim como a opção do consumidor por carnes mais baratas.
Por outro lado, o abate de bovinos recuou 0,7% na comparação anual. Foram abatidas 7,3 milhões de cabeças, com aumento da participação de fêmeas. “Isso reflete o aumento do descarte de fêmeas que não emprenharam e a virada para o ciclo de baixa”, complementa o analista da Scot Conultoria, Alex Lopes.
Ele acredita que a situação deve permanecer durante o segundo trimestre deste ano, já que o produtor deve liberar espaço para a criação de animais mais baratos.
Fonte: CNA