Outubro foi marcado pela grande expectativa quanto à precificação do leite entregue em setembro, devido aos baixos patamares nos últimos meses e à recente decisão do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) de suspender as importações uruguaias de leite em pó
No entanto, a baixa demanda por lácteos na ponta final da cadeia continuou impactando o mercado, levando à quinta queda consecutiva no preço do leite recebido pelo produtor. De acordo com pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), na “média Brasil” líquida (que inclui os estados de BA, GO, MG, SP, PR, SC, RS e não considera frete nem impostos), o recuo foi de 8 centavos/litro (ou de 7,3%) frente ao mês anterior, chegando a R$ 1,005/litro.
Por outro lado, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea continuou em elevação. Na “média Brasil”, de agosto para setembro, a captação das indústrias subiu 4,19% – menor elevação registrada desde junho, quando o índice iniciou o movimento de alta. Nos estados do Sul do País, a captação continuou crescente, porém, em menor intensidade frente aos meses anteriores. No Paraná, o ICAP-L aumentou 7%, e no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, 4,8% e 4,6%, respectivamente. Além disso, em Minas Gerais e em Goiás, a safra ainda não ganhou força devido aos baixos volumes de chuvas, levando ao avanço na produção de apenas 3,1% e 2,85%, nesta ordem.
De acordo com colaboradores do Cepea, a demanda por lácteos continua enfraquecida, mas o fluxo de vendas se elevou em relação a setembro, estimulado pela manutenção dos preços em baixos patamares. No entanto, a queda dos preços na negociação entre indústria e atacado pode ter chegado ao limite, uma vez que as margens estão bastante restritas. Por conta disso, indústrias elevaram os preços dos seus produtos e as cotações do leite UHT no mercado atacadista do estado de São Paulo registraram alta acumulada de 8,38% em outubro.
O atual momento de mudanças do mercado lácteo tem prendido a atenção de todo o setor, dividindo as expectativas para o próximo mês. Cerca de 48% dos agentes consultados pelo Cepea (que representaram 47,5% do volume amostrado) acreditam que os preços em novembro devem registrar nova queda. Por outro lado, 43,8% dos colaboradores (46,2% do volume amostrado) apostam em estabilidade. Outros 8,3% (ou 6,3% do total) acreditam que o preço pago ao produtor pode subir.
Fonte: Cepea