Mato Grosso não perdeu o status de maior produtor de grãos e fibras do Brasil, título que mantém pelo quinto ano consecutivo, conforme dados divulgados ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, o órgão apresentou a menor projeção de volume ao Estado já feita à safra 2015/16, que neste mais novo levantamento, o 10º, foi projetada em 44,19 milhões de toneladas (t), 14,6% abaixo dos 51,7 milhões colhidos no ciclo anterior. A redução foi consequência do clima ruim, marcado pela ausência das chuvas em momentos decisivos para o desenvolvimento das lavouras e que acabou impactando na má formação, na perda de produtividade e qualidade dos grãos.
As três principais culturas do Estado, soja, milho e algodão encerram a temporada com produções abaixo dos volumes da safra passada. A maior queda está sendo atribuída ao milho segunda safra que mesmo ainda em período de colheita tem projeção de fechar o ciclo com redução de quase 23% na comparação anual.
Ainda conforme os dados divulgados pela Conab, a nova estimativa de produção total de Mato Grosso, em 44,19 milhões de t está muito distante da primeira estimativa feita ao Estado para a safra 2015/16, publicada em outubro do ano passado, que chegou a apontar recorde histórico de 52,48 milhões/t, o que se consolidada superaria em 1,7% o até então recorde anterior, 51,17 milhões/t, da safra 2015/14. No levantamento de junho, a Conab também havia revisado para baixo as projeções da safra mato-grossense e previa um volume total de grãos e fibras de 47,46 milhões/t e agora em julho chegou a menor projeção desta safra. Ainda assim, Mato Grosso ofertará quase um quarto da produção nacional, ao participar com 23,35%, seguido do Paraná com 19,12% e do Rio Grande do Sul com 17,13%. Completam o ranking dos cinco maiores, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Culturas – Conforme chama à atenção a Conab, a safra de algodão está em plena colheita no Estado, com o pico dos trabalhos sendo esperados para meados deste mês em diante, justamente quando as máquinas chegam às lavouras de segunda safra. As áreas localizadas nas regiões oeste a sudeste do Estado já estão dessecadas. “Há relatos de ocorrência de ataques de pragas, tal como o bicudo do algodoeiro que está sob controle. Em relação à produtividade do algodoeiro, estima-se um rendimento de 3.829 kg/ha, queda de 6,5% em relação ao ano passado, devido ao stress hídrico enfrentado durante a safra”, relatam os técnicos da Companhia. Em números, a safra está estimada em 915,3 mil/t de pluma, 0,7% menos em relação ao colhido no ano passado, 921,7 mil/t. A área plantada teve variação positiva de 6,2% ao passar de 562,7 mil hectares (ha) para 597,6 mil.
Também em plena colheita está o milho segunda safra. A produtividade estimada no décimo levantamento ficou em 4.398 kg/ha, rendimento 27,5% inferior ao registrado na safra passada, por conta da estiagem. “Tal circunstância climática permite que o processo de colheita aconteça de forma mais ágil na atual safra, devido ao maquinário abranger uma área maior para atingir sua capacidade de armazenagem, ocasião diferente de uma safra com produtividade normal do milho. Outro aspecto relevante para os trabalhos de colheita são os relatos que em praticamente todas as regiões, principalmente no Vale do Araguaia e Alto Xingu, não haverá colheita de boa parte das áreas plantadas, devido aos severos danos causados pela estiagem, que impossibilitou o pleno desenvolvimento do milharal e consequente produção de grãos nas espigas, que servirão apenas de cobertura vegetal para o solo. Os sucessivos acontecimentos podem encurtar a janela de colheita de milho na safra 2015/16. Estima-se que praticamente toda a produção do cereal deve ser colhida até o início de agosto”, pontual os técnicos da Conab. E é justamente o milho segunda safra a cultura que apresenta a maior queda anual no Estado: 22,9%, até este momento. A produção passa de 20,30 milhões/t para 15,65 milhões/t, mesmo com uma expansão de 6,2% na área plantada que passou de 3,35 milhões ha para 3,56 milhões ha.
Com a colheita consolidada desde abril deste ano, Mato Grosso, maior produtor de soja do país, atingiu neste exercício, a produtividade de 2.851 kg/ha. “Apesar do fim da colheita há alguns meses, a oleaginosa continua contabilizando perdas. No décimo levantamento foi reduzido o rendimento médio para 2.846 kg/ha, justificado pela estiagem e altas temperaturas, que prejudicaram o enchimento dos grãos de soja e, consequentemente, de seu peso final. Tal avaria resultou em lavouras com fenótipo (aspecto) avaliado como bom, mas com baixo rendimento por hectare. Contribuíram também para o baixo rendimento os ataques de pragas, tais como o percevejo e a lagarta, principalmente em municípios da região médio-norte, maior produtora de soja do Estado”. Diante disso, a produção recuou 7,1%, ao passar de 28 milhões/t para 26 milhões/t.
Fonte: Diário de Cuiabá