Nova fronteira agrícola vem atraindo sojicultores interessados em terras com valores mais acessíveis quando comparados às do Centro-oeste, Sul e Sudeste do Brasil.
A região conhecida como Matopiba—que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia—vem se consolidando como uma nova fronteira na produção agrícola nacional: juntos estes estados responderam por 11% das 115 milhões de toneladas de soja da safra 2017/2018. As expectativas são de ainda mais crescimento e expansão.
O pesquisador Leonardo José Motta Campos, da Embrapa Soja, é um entusiasta da região. Ele acredita que a área pode dobrar sua participação no volume de soja produzido no País nos próximos cinco anos. “Estamos estudando a região há cerca de cinco anos e acredito que a aplicação de novas práticas vai permitir essa expansão”, diz ele.
Campos ressalta que esta nova fronteira agrícola vem atraindo sojicultores interessados em terras com valores mais acessíveis quando comparados às do Centro-oeste, Sul e Sudeste do Brasil. “Além disso, a região apresenta topografia plana, solos profundos, alta luminosidade e uma estação chuvosa bem definida, características que favorecem a introdução da soja”, explica.
O maior desafio fica por conta da instabilidade nos indicadores de produtividade. De acordo com pesquisas feitas pela Embrapa, o rendimento oscila de 2.000 e 4.500 kg/ha. A produtividade média, porém, tem ficado abaixo da nacional, que este ano foi de aproximadamente 3.300 kg/ha.
Segundo o pesquisador, a restrição de água afeta o desenvolvimento da soja desde a germinação até o enchimento de grãos. “A restrição de água durante o ciclo pode ser considerada a principal limitação da produtividade, especialmente durante a fase reprodutiva”, alerta Campos.
O pesquisador explica que no Matopiba as estações de seca (abril a setembro) e de chuva (outubro a março) são bem definidas, garantindo certa segurança à produção agrícola. No entanto, a instabilidade climática, com alterações na frequência e na intensidade de chuvas influencia a produtividade de grãos. “Em anos de ocorrência de El Niño, como na safra de 2015/2016, por exemplo, houve redução acentuada na produtividade em toda a região”, diz Campos.
Outro fator importante a ser considerado no crescimento da cultura, ressalta o pesquisador, é a temperatura. No Matopiba, temperaturas superiores a 60 °C são observadas normalmente na superfície do solo. “Esta temperatura influencia uma série de fatores fisiológicos, diminuindo a produção de massa verde e, consequentemente, a produtividade”, relata o pesquisador.
Por outro lado, uma das vantagens da região é a menor incidência da “ferrugem asiática”, praga que normalmente se desenvolve durante o chamado “vazio de soja”, ou seja, a entressafra. “Por ser uma região com características mais inóspitas, com temperaturas altas, este problema se reduz muito, pois a “ferrugem” tem menor chance de resistir e perdurar até o plantio da nova safra”, explica ele.
Sobre Matopiba
Levantamento feito pelo Grupo de Inteligência Estratégica (GITE) da Embrapa, o Matopiba reúne 337 municípios e representa um total de cerca de 73 milhões de hectares. Para debater os desafios de sustentabilidade para esta região, a Embrapa Soja prepara painel sobre a produção de soja em áreas de expansão agrícola, durante o VIII Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja 2018), que será realizado de 11 a 14 de junho, em Goiânia (GO).
Por: Equipe SNA/Rio