De um lado, o boi China, aumentando a distância de preços; do outro o boi comum, que não é atraído pelos preços do primeiro e estacionou
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
Um cenário que chama a atenção na pecuária de corte é que o mercado ficou dividido entre dois mundos.
O boi de exportação e o boi de mercado interno.
Sim, sim, sempre foi assim. Mas ficou muito mais distante um do outro nesse período.
Primeiro, sempre que o animal China subia (ou caia), trazia junto o animal comum para consumo doméstico.
Mantinha sempre uma diferença de prêmio entre R$ 10 e R$, conforme a região.
O que estamos vendo é que neste começo de ano, depois que as vendas externas começaram a avançar, a distância foi aumentando.
Enquanto o boi comum permanece encostado entre R$ 335 e R$ 340 a @ em São Paulo – por exemplo, mas segue também estabilizado em outras praças -, a matéria-prima para os chineses aumentou a diferença para R$ 25, ou pouco acima.
No ponto central, vale dizer que ambos os tipos não têm sobrando no mercado.
Sim, sim, mostra que mesmo não tendo animal comum à vontade para os frigoríficos, o consumo dos brasileiros não sai do lugar.
As promoções estão aumentando nas últimas semanas no varejo, o que dá um certo sustento ao kg da carne no atacado, em torno de R$ 20, mas não sai da curva.
Se há alguma novidade nisso, é que está piorando o ímpeto para a compra de carne bovina, na esteira de uma inflação em alta generalizada no bolso do brasileiro.
Para o boi de exportação, ao contrário, a menor quantidade disponível obriga os frigoríficos ofertarem maior valor para não travar os negócios com os importadores.
Nestas condições de preços, esses animais de premiação estão conseguindo se pagar. Ainda que haja um custo adicional das rações para terminação em curral, que é o grosso desses bichos.
As margens são menores, mas ainda assim está dando.
Para os frigoríficos ficou mais apertado, porque o dólar andou caindo, perdendo o patamar dos R$ 5,50, o que tornam as compras para os importadores mais caras e pode haver alguma retração.
A guerra na Ucrânia pode melhorar o valor do dólar, mas nesta primeira semana de bombas não se viu muito isso.
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Para os dois tipos de bois, de agora em diante, alguma pressão deverá ter.
Pastos. Estão melhores e deverão soltar mais boi gordo da safra, sobretudo a partir de abril.
O dono de boi ‘brasileiro’ vai, sim, sofrer mais, porque o consumo interno não vai melhorar.
Estas premissas estão dadas. Basta olhar os dados da economia.
Se é verdade que com pastos melhores ajuda a segurar mais os animais, verdade também que tem um certo limite de tempo. O boi fica mais tempo no pasto e vai ficando mais erado e, ainda, tem efeito sanfona – perde peso.
Para o dono de boi China, a oferta maior – sim, porque os pastos ajudam a dividir a engorda com o curral, o semiconfinamento – pode ser compensada pelas exportações que não devem ceder.
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