O segundo semestre esta marcado pelo cenário de baixo consumo, grandes estoques e incremento na importação preocupa pequenas indústrias de laticínios.
O baixo crescimento da economia brasileira e o alto estoque de produtos, aliados à queda na renda e no consumo, trazem um cenário preocupante para o setor lácteo. A projeção para 2019 é de um incremento de 4% na produção de leite em relação ao ano passado, porém o consumo deve diminuir em torno de 3% a 4%. A situação fica mais difícil ainda ao somar a esses índices, o incremento no volume de importação dos produtos lácteos no primeiro semestre, comparativamente ao mesmo período de 2018, que chega a representar cerca de 1% da produção brasileira.
O presidente da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil/RS), Wlademir Dall’Bosco, destaca que o mercado está sinalizando para uma redução drástica no preço do leite. “Nós já tivemos uma diminuição em junho e vamos ter novamente uma queda significativa em julho para ficar dentro de uma realidade de mercado. Por isso, vamos ter que reduzir custos, ser mais eficientes no processo de produção, na logística”, salienta.
Dall’Bosco também ressalta que a grande quantidade em estoque de leite em pó e de queijos, todos com prazo de validade e que, portanto, precisam ser comercializados, acaba pressionando os preços para baixo. “Com a população consumindo menos, um número menor de pessoas trabalhando, menos dinheiro circulando, o valor do produto tende a cair e é isso que está acontecendo no mercado nesse momento. Hoje a indústria está vendendo o leite, o queijo, abaixo do custo de produção. Nos últimos 90 dias as indústrias vêm fechando sem rentabilidade”, afirma.
Com relação à importação de produtos lácteos do Mercosul, o dirigente lembra que o custo de produção tanto na Argentina quanto no Uruguai é menor em relação ao Brasil, que está com o preço do leite 11% acima do valor médio praticado nesses países. Segundo Dall’Bosco, um dos motivos para esta elevação é a alta carga tributária em itens como energia, combustível e máquinas. “Com o preço do produto lácteo no Brasil, a tendência é entrar no mercado brasileiro mais queijo e leite argentino e uruguaio” observa.
O presidente da Apil/RS defende mais investimentos por parte dos produtores e da indústria em tecnologias, em gestão de propriedade, criando expectativa para o mercado de novos produtos e dessa forma atraindo o consumidor para algo diferente. “Nós da Apil entendemos que a solução passa pela produção e não pelo governo com a compra de estoques, o que acaba gerando desequilíbrio dentro da cadeia do leite quando apenas uma parte do setor industrial é beneficiado. Precisamos atuar dentro das regras de mercado e deverá sobreviver quem for mais eficiente”, sinaliza Dall’Bosco.
Por: Rejane Costa – AgroEffective