Animais avaliados com Vetscore chegam a obter taxa de prenhez 17% maior do que a média nacional por IATF.
Pesquisas realizadas pela Embrapa em Rondônia demonstraram que animais com condição nutricional adequada avaliados com a tecnologia Vetscore chegam a obter uma taxa de prenhez 17% maior quando comparada com a taxa média nacional por inseminação artificial por tempo fixo (IATF) que está em 51%. A obtida em vacas selecionadas pelo dispositivo é de 61%. Lançado em 2014, o Vetscore é uma ferramenta simples formada por duas réguas articuladas que, ao serem posicionadas sobre a garupa do animal, indicam sua condição corporal. Isso permite identificar com mais precisão animais que necessitam de suplementação. Como resultado, aqueles em condições corporais inferiores são manejados adequadamente aumentando produção de leite e taxas de penhez.
O trabalho foi conduzido durante quatro anos, em seis fazendas no Estado de Rondônia, com 1.200 vacas da raça Nelore que participaram de programas de IATF. Vacas de leite girolando também foram avaliadas por meio dessa tecnologia durante um ano e as que receberam suplementação para manter o escore da condição corporal (ECC) adequado obtiveram aumento na produção de leite de até 61%, quando comparadas às que não receberam suplementação e se mantiveram em ECC baixo de acordo com a escala Vetscore.
Desenvolvido por especialistas da Embrapa, o Vetscore é único no mercado e ferramenta essencial para produtores obterem informações precisas e com elas selecionarem animais mais adequados em termos de escore de condição corporal, ou seja, de reserva de energia. Com isso se obtém maior ganho em fertilidade e produção de leite.
Segundo o pesquisador da Embrapa Rondônia Luiz Pfeifer, responsável pelo desenvolvimento do dispositivo, mantendo as vacas em lactação com condição corporal adequada, é possível obter maior rentabilidade e eficiência reprodutiva tanto nas vacas de corte como de leite. Daí a importância de os produtores fazerem a avaliação da condição corporal dos animais para a busca da máxima eficiência reprodutiva e produtiva do rebanho. “O Vetscore torna-se valioso para o produtor, que pode, de maneira rápida e precisa, avaliar seus animais e fazer as mudanças de manejo necessárias”, afirma Pfeifer.
Outro método muito utilizado de avaliação do escore corporal é o visual considerado subjetivo e pouco preciso. Esse método exige que o avaliador seja treinado para evitar equívocos no momento da avaliação. “A subjetividade do método visual e o limitado acesso ao corpo do animal (especialmente costelas e garupa) fazem a determinação do ECC uma atividade relativamente difícil de ser realizada em vacas que estão contidas no brete”, explica o pesquisador, complementando que isso demanda tempo extra, que deve ser considerado em propriedades com manejo intensivo e com grande número de animais. “Com o uso da régua, de baixo custo, o próprio produtor pode avaliar e monitorar o rebanho”, afirma o especialista.
Em programas de IATF, o Vetscore pode ser utilizado no momento da inserção do dispositivo intravaginal e da aplicação dos hormônios para selecionar animais que vão responder melhor aos protocolos e, consequentemente, terão mais chances de emprenhar. Uma ação rápida e confiável, evitando desperdício de tempo, de sêmen e oferecendo maior ganho ao produtor com a eficiência reprodutiva. “Com o uso do Vetscore a gente consegue identificar os animais que estão com escore corporal melhor e, com isso, melhorar o índice de prenhez. Aqui na fazenda, os animais identificados com melhor escore corporal tiveram prenhez até acima do esperado”, conta o gerente da fazenda Areia Branca, Rogério Calsavara, no Município de Ariquemes (RO).
Auxílio no manejo da pastagem – Segundo o engenheiro-agrônomo Marcos Vinícius Martins, responsável técnico da fazenda Areia Branca, o uso do Vetscore também tem auxiliado no manejo da pastagem. “Com o monitoramento do rebanho com a régua, a gente consegue saber se está acertando ou não no manejo da pastagem, vendo se o gado está ganhando, mantendo ou perdendo escore”, explica. Para os produtores que possuem profissionais especializados para cuidar da nutrição do rebanho, o Vetscore também é útil, pois a avaliação da condição corporal do animal é o primeiro passo para diagnosticar e promover alterações na dieta do rebanho. Assim, o dispositivo pode ser uma ferramenta inicial de análise precisa.
Tanto para o pequeno como para o grande produtor, obter um acompanhamento do escore corporal e atuar em seus resultados significa aumentar a eficiência e reduzir custos. “A nutrição de gado leiteiro é cara e o manejo inadequado pode gerar prejuízos”, alerta o pesquisador.
Pfeifer exemplifica impactos positivos que podem ocorrer com a adoção do uso do Vetscore no monitoramento do rebanho. Em vez de as fêmeas terem um parto a cada 22 meses, média no Estado de Rondônia, podem ter um parto a cada 14 ou 16 meses, se adotadas medidas nutricionais adequadas. Estima-se também que a média de partos por ano por animal pode passar de 0,54 para 0,75. Ao contabilizar apenas esse ganho, somente em Rondônia, pode-se chegar facilmente a um aumento anual de cerca de 200 milhões de litros de leite por ano. Ao fazer as contas com o litro do leite a R$1,00, pode haver um incremento de R$ 200 milhões no agronegócio do leite no estado.
Como funciona o Vetscore – Não há no mercado instrumento similar ao Vetscore para a avaliação da condição nutricional de bovinos de corte e de leite. De baixo custo e simples utilização, o dispositivo oferece resultado imediato e pode ser utilizado pelo próprio produtor para tomadas de decisão, buscando a máxima eficiência produtiva e reprodutiva de seu rebanho.
O Vetscore foi inspirado no goniômetro, instrumento circular com 180° ou 360°, utilizado para medir ou construir ângulos. O mais famoso goniômetro é o transferidor, muito popular no ensino escolar. Essa tecnologia da Embrapa é formada por duas réguas e articuladas de maneira a formar uma angulação. Com a ferramenta é possível avaliar e monitorar a condição nutricional de vacas por meio do ângulo interno da garupa. De acordo com o ângulo formado, o dispositivo fornece uma das seguintes colorações: vermelho (magra), verde (adequado) ou amarelo (obesa).
Para fazer a avaliação com o Vetscore, o animal deve ser recolhido em local onde ele possa ser contido. A régua deve ser posicionada sobre a porção inicial da garupa do animal (entre a última vértebra lombar e a primeira vértebra sacral), uma haste da régua de cada lado, e ser lentamente fechada até que as superfícies das réguas estejam em maior contato possível com a pele do animal.
Para vacas de leite, é recomendado que o Vetscore seja utilizado no rebanho quinzenalmente, principalmente na primeira metade da lactação. Para vacas de corte, seu uso é recomendado, principalmente, para avaliar e selecionar fêmeas que vão entrar na estação reprodutiva.
O Vetscore está validado para as raças Nelore, Girolando e Angus. A régua já está disponível no mercado e a comercialização está sob a responsabilidade da empresa Prático de Garça, licenciada pela Embrapa. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (14) 3406-2718.
Fonte: Embrapa