Milhares de frangos têm morrido de fome nos aviários do Paraná. O problema, segundo os produtores, é causado pela falta de milho, o principal componente da ração servida às aves. Agricultores que trabalham com o grão aproveitaram o câmbio favorável às exportações e venderam o produto para fora do país.
Otávio Fuher é dono de um aviário, onde 12 mil frangos morreram de fome. As aves tinham apenas 13 dias de vida. com apenas 13 dias de vida. O frigorífico que fornece a ração disse que não tinha onde comprar o produto. “Eles alegavam que não tinha milho, falta de matéria prima para fabricar a ração”, conta.
Em outra propriedade, a proprietária ficou cinco dias sem receber a ração. Ao todo, 10 mil aves morreram. As que restaram devem ser entregues ao frigorífico com o peso abaixo do esperado. Segundo ela, nunca havia acontecido um problema semelhante. Segundo a Associação dos Avicultores do Oeste do Paraná, 30 produtores já registraram o mesmo problema nas granjas.
Para o analista de mercado Camilo Motter, os produtores de milho comprometeram o mercado interno. “Os produtores perceberam que havia bons negócios na exportação. Não só exportaram aqueles volumes do ano passado, como comprometeram boa parte da produção deste ano, com negócios antecipados para a exportação. Isso gerou uma escassez natural aqui dentro”, diz.
Com a falta do milho, as empresas que produzem a ração estão com dificuldade para repor os estoques. “A gente não está conseguindo comprar, encontrar fácil no mercado o produto. Ano passado, nesta mesma época, tínhamos um estoque para uns 90 dias. E hoje, nosso estoque é para no máximo 30 dias”, conta o engenheiro agrônomo Rubens Staub, responsável por uma das empresas que produzem ração.
Todos os dias, a empresa que produz a ração precisa usar 250 toneladas de milho. Sem o grão, a saída foi importar do Paraguai. Outra alternativa foi fazer anúncios no rádio, para buscar produtores que ainda tenham milho para vender na região.
Preço alto
Apesar da situação difícil na avicultura, os produtores de milho comemoram a estratégia adotada. Além de conseguirem vender a produção para o exterior, a falta do grão fez o preço da saca disparar no mercado interno. Em abril de 2015, a saca do grão custava R$ 20,87. Neste ano, chegou a R$ 37,18 em abril e atingiu R$ 40,00.
“Com esssa alta, essa escassez do produto, nós estamos vendendo a praticamente ao dobro do preço, mesmo sendo em cooperativa ou empresa particular. Não tem disponível, estamos vendendo ao dobro, o que é uma excelente condição para o produtor”, diz o agricultor Jurandir Lamb.