Mato Grosso, estado que lidera a produção nacional de milho, deve iniciar a colheita nos próximos trinta dias. A maior seca dos últimos tempos tem sido a preocupação de grande parte dos produtores de grãos do país.
O atrasou no plantio da soja, em setembro do ano passado, fez com que a semeadura da safra verão fosse feita em algumas regiões fora da janela de plantio ideal o que afetou o desenvolvimento das lavouras, que foram castigadas também pela estiagem que se prolongou e a praga da cigarrinha, especialmente no estado de Santa Catarina. “A despeito da seca e a praga (cigarrinha-do-milho), este é um bom momento para os produtores diante do preço da saca, no mercado internacional, com a alta do dólar. Todavia não podemos esquecer que também há uma alta acentuada dos custos de produção”, destacou o produtor de milho em Mato Grosso do Sul Cesario Ramalho, que é presidente institucional da Abramilho – Associação Brasileira dos Produtores de Milho. A cigarrinha-do-milho, é um inseto que se alimenta da seiva das plantas e transmite a doença do enfezamento do milho, que afeta na produção dos grãos.
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Para o empresário Laercio Pedro Lenz, produtor de milho em Sorriso, município do médio norte de Mato Grosso, faltou chuva em uma fase crítica que interfere no potencial produtivo da cultura, no período de floração e enchimento dos grãos. “Em uma de minhas propriedades não choveu no mês de abril, e nessa área específica, tem um talhão que não vou conseguir colher o milho, o pendão está seco, não chegou a dá espiga. Já em outra fazenda, a situação é um pouco melhor, ou seja, além de localizada, a chuva cortou muito cedo esse ano”, pontou Lenz.
Mesmo com um cenário não satisfatório, a produção nacional de grãos deve alcançar 271,7 milhões de toneladas na safra 2020/2021, essa é a estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) responsável por gerir políticas agrícolas e garantir o abastecimento de alimentos à população do Brasil. “A safra brasileira de milho vem historicamente avançando, o que acentua o gigantesco potencial alimentício e energético do grão”, ressaltou o presidente institucional da Abramilho. Apesar de uma perda de 2,1 milhões de toneladas em relação à projeção de abril, mas, ainda assim, uma quantidade recorde e maior do que a temporada passada (+14,7 milhões de toneladas).
Apesar da queda na produção, não faltam motivos para o produtor brasileiro comemorar o Dia Nacional do Milho, celebrado nesta segunda-feira, 24 de maio. A data homenageia uma das culturas mais importantes do país, e um dos alimentos mais consumidos no mundo.
Hoje o milho é considerado o ouro do mercado agrícola. Os grãos são matéria-prima básica para indústria alimentícia e principal insumo para agroindústria de carnes. Também, passou a ser altamente demandando para fabricação de etanol, e vem abrindo uma nova fronteira de negócios para outros setores produtivos, por exemplo, cervejaria, indústria têxtil, cosmético e outros. “O milho brasileiro vem ganhando espaço na comunidade internacional nos últimos anos graças à ampla oferta que produzimos, bem como pela excelente qualidade do nosso grão”, pontou o produtor Cesario Ramalho.
O produtor rural Antônio Galvan, atual presidente da Aprosoja Brasil afirma que a demanda pelo milho tem crescido mundialmente. Ele afirma que o milho hoje é a principal cultura e mais necessária no planeta. Estatística aponta mais de 1bilhão e 100 milhões de toneladas de milhão são produzidos no mundo.
Galvan destaca as dificuldades do produtor mato-grossense de escoar os produtos do estado brasileiro que lidera a produção de soja, milho, algodão e pecuária. “Mato Grosso é gigante, temos um clima muito bom para agricultura, o grande gargalho é a tirar a produção daqui”, disse Galvan.
Diante da demanda interna e externa, e com a valorização da saca de milho (alta do dólar) exportada pelo Brasil, surgiu o dilema por parte de alguns produtores em relação aos contratos travados em 2020, com vencimento para este ano, principalmente com as tradings. “Eu tenho 60% da produção estimada (já prevendo prejuízo de 40% na safra deste ano), vendida a trinta e três reais. Hoje, essa mesma saca é comercializada por oitenta reais. Porém, vou cumprir os contratos, pois é uma opção do produtor em vender e não acho correto o desvio de grãos, pois quem comprou fez compromisso de entrega para frente. Não tem como não entregar o produto por causa de preço”, destacou Laercio Lens, que plantou neste ano 2.200 hectares de milho. Ele cultiva grãos (milho e soja) desde 1996, no município de Sorriso.
Essa decisão de Lens é referendada pela Associação Brasileira dos Produtores de Milho. “Respeito aos contratos é fundamental”, afirmou Cesario Ramalho. O presidente institucional da Abramilho ressaltou ainda que é de fundamental importância impulsionar a produção nacional tanto do ponto de vista para assegurar o abastecimento doméstico quanto para gerar excedentes exportáveis. Ele garantiu que produtor de milho vem ano a ano incorporando novas tecnologias em insumos – sementes, defensivos, fertilizantes, maquinário, mão de obra qualificada e mais recentemente adicionando as ferramentas digitais em busca de ganhos contínuos de produtividade.
Por Márcio Moreira – AGRONEWS
AGRONEWS – Informação para quem produz