Clima seco associado a palha exposta aumenta probabilidade de que faíscas virem fogo, alastrando prejuízos sobre a lavoura
Não são raros os incêndios em lavouras de milho durante a colheita, em razão das condições do clima no final da safra. Em meados de maio, junho, julho e agosto, a seca vem acompanhada de baixa umidade e de altas temperaturas, aquecendo as máquinas no campo e aumentando a chance de se formarem faíscas com o movimento das colheitadeiras. Em contato com a palhada, esses pequenos focos não tardam a virar fogo e se alastrar por dezenas de hectares.
Para evitar que isso aconteça, Marlene Lima, assessora de política socioambiental da Aprosoja, afirma que o produtor pode tomar medidas simples, que previnem também perdas econômicas, ambientais e, inclusive, humanas, quando o acidente põe em risco a vida dos trabalhadores.
Na lista do que fazer para evitar a ocorrência de focos de incêndio, entram tarefas que precisam ser colocadas em prática antes mesmo da colheita. É o caso da abertura de aceiros, que são áreas desbastadas em volta das fazendas (principalmente em beiras de rodovia), de áreas de preservação permanente ou reserva legal. “A ideia é que o aceiro isole determinada zona, evitando que o fogo ‘pule’ para o restante da vegetação. Em geral, é recomendado que essa faixa não tenha mais do que cinco metros nem menos de três”, diz Marlene. Na sequência, entram na lista a necessidade de checar se os equipamentos de proteção individual (EPI) estão em ordem e se foi feita a manutenção do maquinário da propriedade.
Uma vez iniciada a colheita, Marlene também ensina o que fazer:
– A primeira coisa é evitar ir a campo entre as 10 horas e as 15 horas, período em que costumam acontecer os acidentes em função do clima quente.
– Respeitar a regra do 30, 30, 30: “Com temperatura acima de 30°C, velocidade acima de 30 km/h e umidade do ar abaixo de 30%, produtor nenhum deve trabalhar”, diz.
– Colher na direção contrária ao vento e incorporar a palha do milho ao solo logo após a colheita, o que evita que o fogo se alastre durante uma ocorrência de incêndio também.
– Contar sempre com um caminhão pipa, assim como saber onde reabastecê-lo, conhecendo as fontes de água dentro da propriedade.
– Em caso de aquecimento das máquinas, tirar delas a palhada, o pó e fazer um resfriamento para evitar que temperaturas altas gerem faíscas.
– “Supervisionar a colheita com drones, quando o produtor puder, também não é má ideia, já que ele pode identificar focos de incêndio mais distantes”, pontua Marlene.
– Identificando o fogo, as primeiras pessoas para quem o produtor deve ligar são seus vizinhos, que podem ajudar prontamente no combate ao incêndio. Em segundo lugar, pode-se acionar os bombeiros, pelo 193. “Em casos mais graves, eles geralmente ajudam com um helicóptero”, lembra Marlene.
– Se nada for suficiente para apagar o fogo, então o produtor deve se preocupar em registrar o ocorrido por meio de fotos e vídeos, o que pode contribuir para identificar a origem do incêndio que, sem autorização de queima controlada e fora de época, é considerado criminoso pelas autoridades e gera multa.
Brigadas de produtores – Visando a segurança na colheita, no próximo dia 15 de maio a Aprosoja lançará uma campanha sobre o tema no Sindicato Rural de Sorriso, MT. O município é o primeiro a receber um curso para produtores e trabalhadores rurais com foco na prevenção e combate a incêndios, com a formação de brigadas rurais. Ao todo, estão disponíveis 30 vagas. Os interessados devem entrar em contato diretamente com o sindicato. Outras 9 cidades de Mato Grosso receberão o curso nos próximos meses. Folders serão distribuídos no Estado.
Fonte: Portal DBO