Com lotação de 600 animais, dados obtidos na Prova demonstram condições zootécnicas, nutricionais e econômicas da raça. Ganho de peso chegou a 1,2kg/dia.
Aconteceu na noite desta segunda-feira(12), na sede da Associação de Criadores Nelore-MT, a reunião de apresentação dos resultados obtidos na Prova de Ganho de Peso promovida pela entidade em parceria com o Núcleo de Estudos de Pecuária Intensiva – NEPI, da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT e a indústria de nutrição animal, representada pela Nutron/Cargill.
A maior Prova de Ganho de Peso do Brasil
O presidente da Nelore-MT, Aldo Rezende, abriu a reunião agradecendo aos parceiros envolvidos na Prova e enalteceu a participação dos colegas pecuaristas que atenderam ao chamamento e disponibilizaram seus animais para serem submetidos aos testes. Ao todo foram 600 animais da raça Nelore (inteiros), de 20 criadores diferentes.
“Estou muito feliz com a realização de mais esta Prova, tivemos a participação de 20 produtores, com 600 animais. A maior prova da pecuária mato-grossense e do Brasil. Só temos a agradecer a todos os envolvidos e dizer que os resultados superaram a nossa expectativa. Infelizmente só não foram melhores devido ao momento pontual do mercado, que acabou interferindo nos resultados econômicos. Mas a nossa intenção foi alcançada, que é de fazer com que mais produtores entendam a importância de se intensificar a produção. Tivemos a certeza que usando a tecnologia e a intensificação os resultados vem.“, avalia Aldo Rezende.
Sobre a metodologia e os dados científicos obtidos durante a realização da Prova, a pesquisadora Dra. Kamila Andreatta, Coordenadora do NEPI, explica que as informações coletadas além de abastecer os produtores para tomada de decisões estratégicas, dados gerados irão se tornar uma tese de doutorado e compor a biblioteca mundial da pecuária. Com isso, resumidamente chegou-se a algumas conclusões importantes como:
- Não houve incidência de animais com excesso de ganho de peso “Boi Bolinha”, uma consequência de boa genética e nutrição adequada;
- Tratamento com metas mais ousadas surpreendeu economicamente;
- Importância de se trabalhar com lotação adequada;
- Entre outros.
“Nós avaliamos os animais em cada fase, mantendo uma dieta equilibrada, sem excessos. Tudo feito de forma bem minuciosa. Nós tivemos a participação efetiva de uma doutoranda que acompanhou efetivamente as atividades desenvolvidas durante os 14 meses de duração da prova, além de diversos estagiários que puderam visitar a fazenda. Isso foi um ponto importantíssimo para geração de dados científicos confiáveis. Gostaria de agradecer a oportunidade que a Nelore-MT nos dá de abrir as porteiras da propriedade para a academia, essa parceria só fortalece ainda mais a pecuária mato-grossense e nacional“, conclui a pesquisadora.
Qual o melhor sistema para colocar dinheiro no bolso do pecuarista? Qual a melhor genética para qualidade da carne? Qual o animal com maior eficiência na conversão? Estas e outras perguntas foram respondidas durante o evento aos produtores associados.
Neste momento as atenções foram para a coordenadora de território da Nutron, Nathalia Dias, responsável pelos protocolos nutricionais e análise da viabilidade econômica do experimento. Além das questões financeiras, foram avaliados as melhores praticas para acabamento (qualidade da carne), desempenho de carcaça e impactos ambientais.
Nathalia explica que os produtores entregaram 600 animais na fase de desmama, cerca de 7@ (210kg) e o programa devolveu animais com 20@ (403 a 545kg) em média. Um excelente resultado pelo período a qual foram submetidos.
“Quero lembrar que tivemos ainda um período 60 dias de recepção destes animais para dar o start a prova. Os animais passaram pela fase de resgate, pasto, confinamento e semiconfinamento, de acordo com os protocolos e agrupamentos estabelecidos. Quero destacar que reproduzimos o cenário real enfrentado em uma propriedade rural convencional. Tudo aconteceu dentro das adversidades enfrentadas por qualquer pecuarista, isso foi importante para entregarmos dados que sejam reais ao dia-a-dia do produtor.“, detalha a coordenadora da Nutron.
Para concluir Nathalia reforçou o controle absoluto que o produtor tem que ter sobre os custos de produção e alerta “O cruzamentos destas informações nos mostraram que nem sempre o modelo com menor custo é aquele que deixa mais dinheiro no bolso. Ficou claro para todos, que devemos dar atenção aquilo que temos controle, que é o valor da arroba produzida e não ficar somente em função ao valor de mercado. Adotar a dieta mais adequada, manejo e sanidade são fatores que podemos inferir e ter ganhos reais no fechamento da conta.”, finaliza.
Participaram também da reunião representantes da Acrimat, IMAC e FESA. A Nelore-MT vai agora vai compilar os dados gerados a partir da Prova de Ganho de Peso e divulgar aos produtores do estado em breve.
Por Vicente Delgado – AGRONEWS®