Tem coisas que grudam na memória da gente de um jeito quase inexplicável. A campanha dos “Mamíferos Parmalat”, lá dos anos 90, é uma delas. Quem era criança na época (ou tinha uma criança por perto) lembra bem: as fantasias de bichinhos, a música que pegava de primeira e, claro, a pergunta final que atravessou gerações: “Tomou?”.
Agora, passadas algumas boas décadas e com uma tecnologia audiovisual que parece de outro planeta se comparada àquele tempo, surge uma ideia que ninguém esperava — mas que todo mundo secretamente queria ver acontecer: uma reinterpretação feita por fãs. Sem patrocínio, sem fins comerciais, só com muito carinho, criatividade e aquela vontade de brincar com a memória coletiva. O resultado? O projeto “Novos Mamíferos – Da Vaquinha direto pra Caixinha”, que dá nova vida ao conceito original, com um olhar mais diverso, mais colorido e com uma dose extra de espontaneidade infantil.
Aperte o play no vídeo abaixo e tente não se emocionar!
Novos bichinhos, novas carinhas
A lista de personagens mudou — e como mudou! Se antes a gente via porquinho, vaca, panda e leão, agora o zoológico ganhou representantes mais inesperados (e adoráveis, claro).
Tem capivara com focinho arredondado e orelhinhas modestas, tatu com fantasia segmentada imitando as placas ósseas, e até um ouriço cor-de-rosa, numa versão lúdica que mais parece ter saído de um livro infantil ilustrado. A fauna australiana também marcou presença com um coala de nariz preto e pelagem cinza-azulada.

A lontra aparece cheia de energia, com barriga clara e aquela vibe brincalhona. Já o mico-leão, representado por uma criança loira de cabelo esvoaçante, rouba a cena com uma juba dourada de dar inveja a qualquer personagem de desenho animado.
E tem mais: uma menina vestida de onça faz pose de predadora, com direito a rugido e gesto de arranhão pra câmera. Um lêmure, com cauda listrada e olhos arregalados, traz o charme da fauna de Madagascar. No meio disso tudo, um cavalinho galopa pelo cenário como se fosse de verdade, enquanto uma ovelha fofinha (interpretada por uma criança de pele negra e cabelo crespo) aparece no canto, meio tímida, mas igualmente encantadora.

E, como ninguém quis deixar passar a chance de surpreender, até um morcego entrou no elenco — porque, sim, morcegos também são mamíferos. Quem diria, né?
Tetra Pak – A caixinha protagonista de papelão e memória
Se na campanha original o nome Parmalat estava por toda parte, aqui quem brilha é a caixinha de leite. Branca, com o coração vermelho no meio, uma faixa azul ondulada na parte de cima e a palavra “LEITE”. Tudo muito fiel aos detalhes de época, mas com aquele toque de fanart bem feita.
Ela aparece em todos os cantos: nas mãos das crianças, do lado de copos de leite, no chão entre as fantasias largadas… Em algumas cenas, dá até pra ver tampinhas espalhadas, como se alguém tivesse acabado de abrir uma atrás da outra.
Cenário: Minimalista, mas cheio de camadas (Literalmente)
O fundo branco segue lá, firme e forte, como homenagem ao visual limpo do original. Mas tem novidade também. Elementos de papercraft dão um ar mais artístico: árvores, nuvens, cercas… tudo feito em camadas, com aquele desfoque proposital que deixa a cena mais profunda, mais viva.
E a tradicional vaca de pelúcia gigante? Está lá também! Só que agora cercada por mais de dez caixinhas de leite, algumas abertas, outras tombadas, tampinhas jogadas… No meio de tudo isso, uma placa de papelão recortado com a frase: “Direto da Vaquinha para a Caixinha”. Pequeno detalhe que faz toda a diferença.

O desfecho: Um sorriso, um gole e a pergunta que não pode faltar
No final, vem o momento mais “gente como a gente” da produção. As crianças aparecem de roupa normal, sem fantasia. As peças de bichinhos estão jogadas pelo chão, como se tivessem acabado de brincar. Algumas ainda tomam leite, outras batem palma, riem, correm de um lado pro outro. Tudo gravado numa tomada lateral contínua, que vai passeando devagar pelo cenário, deixando a gente com aquela sensação boa de domingo de manhã.

Até que, no último close, uma criança — que veste o traje de leão — dá um gole de leite, olha direto pra câmera, abre um sorriso daqueles que derretem qualquer um… e manda: “Tomou?”. Nessa hora a nossa memória afetiva escorre pelos olhos.
Uma declaração de amor à infância e à publicidade que fica
A ideia original do jingle dos “Mamíferos da Parmalat“, criada em 1996 pelos publicitários Erh Ray e Nizan Guanaes, da agência DM9DDB, e surgiu da intenção de reforçar o vínculo natural entre o leite e os mamíferos de forma afetuosa, lúdica e memorável.
A campanha trouxe crianças pequenas fantasiadas de filhotes de diversos animais — como elefante, leão, porco e panda — cantando sobre seu amor pelo leite Parmalat, associando o produto ao cuidado, nutrição e carinho que todo filhote precisa. Com linguagem simples, visual encantador e uma trilha sonora marcante, o comercial tocou o emocional das famílias brasileiras, impulsionou as vendas da marca e se tornou um verdadeiro ícone da publicidade nacional, marcando gerações.
Importante dizer: tudo isso foi feito sem fins lucrativos, sem qualquer ligação com a Parmalat. Só um projeto de fã para fã. Um presente nostálgico pra quem cresceu ouvindo aquela musiquinha, pra quem ainda lembra das figurinhas, dos bichinhos de pelúcia, das campanhas de fim de ano.
Porque, no fim das contas, tem coisas que a gente simplesmente não esquece.
AGRONEWS é informação para quem produz