A Holanda é um país pequeno (41.528 km²), mas sua população de cerca de 17 milhões de habitantes a torna uma das nações mais densamente povoadas do Planeta. O nome oficial é Países Baixos: Países, porque é resultado da junção de vários antigos reinos e Baixos, porque cerca de 27% do território e 60% da população ficam localizados abaixo do nível do mar.
Conhecida como a terra das bicicletas, das tulipas e dos moinhos de vento, a Holanda também poderia ser reconhecida como o país do agronegócio, pois, a despeito do seu tamanho reduzido, é o segundo maior exportador de produtos agropecuários. Suas exportações agrícolas em 2017 somaram US$ 112 bilhões, só perdendo para os Estados Unidos e ficando bem à frente do Brasil, o quarto colocado, com US$ 88 bilhões.
O solo holandês é plano e fértil. Mais da metade do território é utilizado para atividades agrícolas – flores e alimentos, principalmente – aproveitando qualquer espaço disponível, incluindo áreas urbanas localizadas entre as residências.
Assim como existe o Vale do Silício na Califórnia (EUA), a Holanda conta com o Vale dos Alimentos, uma região intensamente cultivada, onde impera a poderosa Universidade de Wageningen, a Universidade do Agronegócio.
Segundo estimativas do FMI, a Holanda é a 17ª maior economia mundial, com PIB de US$ 910 bilhões (outubro de 2018). Tem o sétimo maior PIB per capita (US$ 53.000 anuais), taxa de desemprego inferior a 4% e um IDH dos mais elevados do Planeta (0,93). O território brasileiro é cerca de 200 vezes maior, sua população é 12 vezes superior, mas o PIB brasileiro (US$ 2,14 trilhões) é apenas 2,2 vezes o da Holanda.
A Holanda é importante parceiro comercial do Brasil. É o quinto em importância, depois de China, Estados Unidos, Argentina e Alemanha. Os investimentos holandeses no Brasil somam US$ 13,0 bilhões, ante uma contrapartida de apenas US$ 500 milhões do Brasil. Em 2017/18, as exportações brasileiras para a Holanda totalizaram US$ 12,3 bilhões e as importações US$ 1,6 bilhão: superávit favorável ao Brasil de US$ 10,8 bilhões. O Brasil importa dos holandeses gasolina, diesel, fertilizantes, químicos, plásticos, bebidas, queijos, máquinas e equipamentos e exporta as commodities de sempre: soja, minério de ferro, celulose, carnes, café, frutas e suco de laranja. O porto de Roterdã – o maior da Europa – é destino principal das exportações brasileiras para União Europeia, desde onde, 44% são reexportadas para outros países da região.
Dado ao pequeno território, a Holanda não pode realizar agricultura em larga escala, como EUA e Brasil, razão pela qual especializou-se em agricultura de alta performance, conseguindo produtividades médias três vezes superiores ao restante da Europa. Boa parte dessa produção intensiva é realizada em ambientes controlados (estufas), onde frutas, flores e hortaliças são produzidas em larga escala o ano todo e exportados para toda a Europa.
Pequena no tamanho, mas gigante no comércio de produtos agrícolas, a Holanda exporta muito menos do que o Brasil em volume, mas arrecada muito mais dinheiro, dado o maior valor agregado dos produtos que exporta.
Este modelo poderia inspirar o Brasil na busca por maior rentabilidade, via mais agregação de valor.
Por: Amélio Dall’Agnol e Pedro Moreira, pesquisadores da Embrapa Soja
Fonte: Folha de Londrina