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Por Arno Schneider
Aconteceu mês passado, no Hilton Hotel em São Paulo o “Fórum Metano na Pecuária”. O evento reuniu palestrantes nacionais e internacionais.
Ficou evidenciado, cientificamente, que a pecuária não tem influência sobre o aumento da temperatura do planeta. Cálculos e métricas equivocadas, propositais ou não, levaram quase a unanimidade da população mundial em atrelar a bovinocultura às mudanças climáticas.
Semanalmente o Painel do Clima, mídia, ambientalistas e celebridades, lembram as imensas emissões bovinas de Gases Efeito Estufa (GEE), afirmando que seriam equivalentes às emissões de todos veículos, consumidores de combustíveis fósseis.
Na métrica atual o metano é 25 vezes mais potente que o gás carbônico como GEE. Se considerarmos somente as emissões, o comparativo está quase correto. A malandragem é que “esquecem” de fazer o balanço do carbono até o final do processo, que implica em somar as emissões e subtrair os sequestros e as reduções.
Informar somente as emissões, resulta em equívocos de interpretação e dimensionamento.
Em recente artigo publicado no jornal Valor Econômico, os autores criticam a maneira de calcular o balanço do metano na bovinocultura, preconizado pelo Painel do Clima, que recomenda o uso do índice GWP 100, que considera o metano ativo na atmosfera por cem anos. Com o uso do índice correto, o balanço do carbono da bovinocultura nos colocaria numa posição de neutralidade.
O CO2 emitido pelos veículos permanece estável na atmosfera durante centenas de anos. O petróleo estava guardadinho no fundo do solo, foi extraído, refinado e queimado como combustível pelas máquinas, resultando como resíduo o CO2.
A análise do setor automotivo, piora muito se adicionarmos as emissões da extração e das refinarias que emitem muito e eram subestimadas. Siderúrgicas que abastecem as montadoras também são grandes emissoras.
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Analisemos agora as emissões bovinas. O carbono emitido pelo gado já estava na atmosfera. As pastagens absorvem o CO2 via fotossíntese elaborando os carboidratos e proteínas que servirão de alimento aos ruminantes. Uma vez consumidos serão fermentados no rúmen do animal e eructados para a atmosfera.
Acontece que o metano só permanece estável durante 10–12 anos, decompondo-se após, à sua molécula original, o CO2.
As novas emissões apenas ocuparão o espaço daquilo que foi emitido há 10-12 anos. . Não houve nenhuma emissão adicional. O teor atmosférico do metano e do CO2 não se alteraram.
Isso caracteriza uma neutralidade nas emissões pecuárias.
Mas temos todas as condições de fazer parte da solução.
O comprometimento brasileiro na COP 26 para a redução de 30% nas emissões de metano, poderá ser facilmente atendida com as tecnologias de baixo carbono já existentes. O uso de um novo ionóforo, que modifica a flora ruminal; a oferta de melhores pastagens e a engorda em confinamento que reduzem as eructações e a idade de abate; a reforma e o manejo adequado das pastagens que aumentam a carbonização do solo; são tecnologias com impacto suficiente para cumprir o nosso comprometimento. O tratamento dos dejetos tanto no gado leiteiro como nos confinamentos pelo uso de biodigestores já é uma realidade crescente.
Podemos resumir o artigo em dois pequenos parágrafos.
O CO2 emitido pelo primeiro automóvel ainda se encontra na atmosfera e permanecerá por centenas de anos.
O carbono emitido pelos bovinos já estava na atmosfera. Nada foi adicionado.
As diferenças são tão gritantes que me parece que o Painel do Clima não joga limpo.
Arno Schneider, de 80 anos, é Engenheiro Agrônomo, pecuarista, sócio da ACRIMAT e Associação Nelore de MT, e Diretor do Sindicato Rural de Cuiabá.
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