Alguns pecuaristas do Brasil Pecuário-Central já começam a ter a impressão de que os períodos de seca parecem estar se intensificando, seja por um aumento de severidade ou na duração. Há algumas simulações que mostram que isso pode ser mesmo efeito das mudanças climáticas e já escrevemos sobre isso, com o sugestivo título “Seeeeeeeeeeeeeeeeca”.
Esse ano, em vários locais, as chuvas do período das águas já foram menos intensas e pararam antes da hora. A situação, então, não é de folga em termos de pastagens, com uma “seca” inteira pela frente. E não se tem bola de cristal para saber quando as chuvas efetivamente voltarão. Nesse cenário, é aconselhável ter cautela, em geral sendo melhor agir para aumentar a chance de sobrar pasto do que arriscar faltar.
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Ao contrário do texto que citamos acima, portanto, esse aqui lida com ações que podem ser tomadas agora para minorar o problema de falta de pasto e, também, para alertar o que devemos evitar fazer.
Listamos algumas opções para dar folga ao pasto até que as chuvas voltem:
- Vender animais
Essa é a saída mais simples e lógica e, ao mesmo tempo, a mais impopular. Ninguém gosta de se desfazer de ativos, os bois, que são os ganhos futuros na atividade. A questão é que, se a manutenção de todos os animais significar superpastejo, o prejuízo é duplo: os animais terão baixo desempenho e contribuirão para a degradação do pasto. - Usar rações
A suplementação de pastagens na seca é uma obrigação no Brasil Pecuário-Central. A questão é que as opções que têm melhor relação benefício/custo dependem de alta disponibilidade de forragem, mesmo que de baixa qualidade. Assim, as pastagens diferidas na seca serão os locais onde essas estratégias podem ser usadas, mas a realidade de muitas regiões é que as chuvas encurtadas desse verão não permitiram o usual acúmulo de pastagem. É por isso que uma das soluções é usar uma lotação ainda mais baixa do que os cerca de uma unidade animal por hectare que temos como referência (e apenas referência!) nesses casos.
Se o pasto tem baixo volume de massa, o uso do proteinado, cuja modo de ação é exatamente aumentar a ingestão dos animais, terá pouco a ajudar se o animal não tiver o que comer. Quantidades um pouco maiores, como nos proteicos-energéticos, também acabam ajudando pouco. Por fim, nos preços atuais dos concentrados, não precisa uma proporção muito grande para deixar a prática anti-econômica, algo que cada um deve fazer os próprios cálculos.
Ocorre que, mesmo que a conta de uma suplementação proteico-energético mais intensa, com 5 ou 7 g/kg de peso vivo, se revele econômica, nessa situação a forragem ainda representa entre 75-65% da matéria seca da dieta e, nessa situação indefinida entre ser uma dieta francamente fibrosa ou outra, bem definida como concentrada, a eficiência biológica é pior, algo que costuma ficar fora da conta financeira.
Para fugir disso, uma alternativa a ser considerada é o confinamento em pasto, ou semiconfinamento. Nele, usa-se 17 a 20 g de concentrado/kg de peso vivo e o consumo do pasto pelo animal serve apenas para ele se recuperar do excesso de concentrado, com a fibra de baixa qualidade do pasto ajudando-o a recuperar, minimamente, a função de ruminar. Um alerta é que essa técnica, apesar de ter a vantagem de poder ser feita a qualquer momento e por quase todo mundo, não deve ser feita sem o aconselhamento de um técnico, pois há risco real de morte de animais por doenças metabólicas, como a acidose e o timpanismo. Mesmo que não morra nenhum animal, os resultados podem ser piores do que seriam com a supervisão recomendada, que vai da formulação da ração e informações fundamentais de manejo com relação, por exemplo, à adaptação dos animais à dieta, um dos pontos-chave para o sucesso dessa opção.
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