UE exige que estabelecimentos envolvidos na fraude sejam suspenso
China e Coreia do Sul suspenderam temporariamente a importação.
A Operação Carne Fraca já teve impacto mundial. A União Europeia exige que autoridades brasileiras suspendam as exportações para o bloco de todos os estabelecimentos envolvidos na investigação.
Os porta-vozes da comissão Europeia se pronunciaram na manhã dessa segunda-feira (20) sobre o que chamaram de “crise da carne brasileira” e afirmaram que a União Europeia está em processo de se certificar de que “todas as empresas implicadas na fraude tenham suas exportações para a União Europeia suspensas”. O porta-voz não especificou quais são essas empresas.
Os representantes da comissão que cuida do comércio internacional da Europa afirmaram que os 28 países-membro receberam alerta para ficarem mais rigorosos na fiscalização de qualquer tipo de carne que chegue do Brasil. Explicaram que é um procedimento padrão e que as autoridades europeias estão em contato direto com as autoridades brasileiras para acompanhar o desenvolvimento da crise.
Por coincidência, começou nessa segunda, em Buenos Aires, uma rodada de negociações entre autoridades do Merscosul e da União Europeia para um acordo de comércio entre os dois blocos. O assunto “carne fraca” tomou conta das discussões, mas antes mesmo que essas fraudes viessem à tona, produtores europeus, sempre muito preocupados com a concorrência brasileira, já acusavam o Brasil de não ter segurança na produção de alimentos. A comissão europeia afirmou que um acordo com o Mercosul terá que reforçar os altos padrões de segurança alimentar exigidos pela Europa.
É importante dizer que, em resposta a um questionamento da TV Globo, o escritório da comissão europeia em Berlim informou que desde 2015 não encontra nenhuma irregularidade com relação à carne importada do Brasil.
A União Europeia é um dos maiores consumidores de carne de boi e frango do Brasil e só no ano passado importou US$ 2,5 bilhões. Agora, esse número deve diminuir, pelo menos, até que seja tudo esclarecido.
A Operação Carne Fraca também já teve impacto na Ásia. A China e a Coreia do Sul suspenderam, temporariamente, a importação de produtos brasileiros. A China é o maior comprador da carne bovina brasileira e o impacto disso leva preocupação ao Brasil. Sites especializados em mercado de carne dão a notícia de que a China suspendeu a importação. Brasília confirmou que o desembarque de carne brasileira em solo chinês está suspenso, por enquanto.
A Coreia do Sul também anunciou uma suspensão temporária da compra de frangos, especificamente da BRF Foods, uma das envolvidas na investigação da Polícia Federal. Mais de 80% do frango consumido pelos sul-coreanos vem do Brasil e quase metade é fornecida pela BRF. Autoridades da Coreia do Sul dizem que futuros carregamentos precisarão de um certificado emitido pelo governo brasileiro.
Singapura disse que reforçou a fiscalização das carnes que chegam do Brasil, mas não houve anúncio porque os frigoríficos denunciados não exportam para o país. O Japão é um mercado importante para a carne de frango – 70% do frango consumido no país sai do Brasil. Os japoneses não fizeram nenhum anúncio oficial, mas essa segunda foi feriado no Japão e representantes da embaixada em Tóquio dizem que vão ficar atentos ao que pode ocorrer já nesta terça-feira (21).
Em nota, a BRF informou que não recebeu nenhuma notificação oficial das autoridades brasileiras ou estrangeiras a respeito da suspensão de suas fábricas por países com os quais mantém relações comerciais, incluindo coreia do sul e união europeia.
O Brasil já começou a responder os questionamentos feitos pela União Europeia e pela Coreia. A estratégia do Governo é restringir o problema aos 21 frigoríficos objetos da denúncia. A força-tarefa para fiscalizar esses estabelecimentos já está em campo. Dos investigados, apenas seis exportaram carne nos últimos dois meses, mas segundo o Ministério da Agricultura, a auditoria especial vai ser feita tanto nos lotes que vão para fora do país quanto nos que abasteceram o mercado interno.
Fonte: G1