Observando, de partida, que os volumes por ela indicados para o mês de maio baseiam-se exclusivamente na produção de pintos de corte, não levando em consideração os problemas de abate enfrentados no final do mês com a greve dos caminhoneiros, a APINCO estimou para o mês passado a produção de 1,094 milhão de toneladas de carne de frango, volume que representou redução de 3,35% sobre o mês anterior e de quase 4% sobre o mesmo mês de 2017
Como, em maio, as exportações (328 mil toneladas) aumentaram quase um terço em relação ao mês anterior, a oferta interna (de 766,1 mil toneladas) recuou mais de 13% de um mês para outro. Mas uma vez que em comparação a maio do ano passado o volume exportado neste ano sofreu queda próxima de 5%, o efeito sobre a disponibilidade interna acabou diluído: caiu, em um ano, apenas 3,53%.
Notar que o volume de carne de frango produzido nos cinco primeiros meses de 2018 também apresentou recuo mínimo, inferior a 1%. Parece pouco, mas seria o suficiente para dar maior estabilidade ao mercado interno não fossem as exportações terem recuado 8,5% no período. Em consequência, a disponibilidade interna aparente do produto apresentou aumento de 2,5% sobre os mesmos cinco meses de 2017 – em condições de custo e de consumo totalmente desfavoráveis ao setor produtivo.
Será difícil chegar à dimensão exata da queda de produção decorrente do movimento dos caminhoneiros. Levando em conta que ele paralisou o setor por (pelo menos) um quarto do mês, o volume obtido ficou, não há dúvida, aquém do milhão de toneladas. E a oferta interna abaixo das 700 mil toneladas.
Mesmo assim o mercado não respondeu na medida necessária para o setor produtivo. Pagou muito mais pelo produto, é verdade, mas somente enquanto prevalecia alguma lacuna no abastecimento. Normalizada a reposição, tudo voltou ao que era antes. O que sugere que a obtenção de margens adequadas requer produção ainda menor.
Ressalte-se, aqui, que a redução não visa, simplesmente, aumentar o preço do frango. O objetivo é adequar o volume produzido a uma demanda que, contrariamente aos custos, se torna cada vez mais recessiva e impede o setor de sair do sorvedouro em que foi colocado. Pois, no passo presente, afunda-se ainda mais.