Aumento recorde para área de soja surpreende mais do que a queda na intenção de plantio do milho. Condições de plantio e China no radar agora
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) deu uma paulada na cabeça do mercado.
A quinta-feira era de grande expectativa para a divulgação do principal relatório de intenção de plantio nos EUA, dado que a semeadura começa em algumas semanas, mas o tamanho dos números surpreendeu.
E detonaram as cotações da soja, especialmente esta, já que veio com área considerada recorde, bem acima das previsões mais otimistas dos analistas.
Há potencial para mais perdas, além dos 40 pontos de ontem. As posições mais longas em Chicago podem descer até os US$ 14 o bushel, principalmente se o clima for favorável.
Sim, porque com 36,3 milhões de hectares, 4% acima da safra anterior, põe a área de soja entre a maior da história americana.
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Havia essa possibilidade de alta, mesmo com a instabilidade causada pela invasão russa na Ucrânia, mas o tamanho passou da conta.
Os produtores estavam propensos a plantarem mais, sabendo que os estoques globais estão abaixo, as entregas brasileiras sofrerão fortes perdas pela quebra de mais de 10 milhões de toneladas, a China não tem como escapar das compras (apesar de bem acauteladas atualmente), ainda que, com tudo isso, os preços dos fertilizantes deixavam as expectativas no limbo.
O custo de produção nos EUA é muito maior em termos de insumos, uma vez que as planícies de grãos não têm a mesma potencialidade do solo como no Brasil e Argentina.
E com o milho, outra paulada do USDA.
Mas, nesse caso, melhor para os preços.
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O mercado se debruçava sobre a previsão de 2% a menos de área e veio 4% a menos. Isso deve representar 10 milhões de toneladas a menos.
Havia até a possibilidade de a intenção de plantio do milho surpreender, dadas as dificuldades que o mundo terá com o petróleo daqui para frente e o impulso que deve ter a demanda para etanol nos EUA.
Ainda há algum tempo de alguma reversão das expectativas, mas seguindo um ritmo mais calmo no Leste europeu e com a liberação das reservas de petróleo dos americanos, em volume nunca vistos antes, é provável que os produtores mantenham mesmo essa redução no milho.
De todo modo, a demanda global por milho está relativamente estabilizada e o Brasil sapirá com uma boa safrinha.
Daí que limita a ´potencialidade de a cotação em Chicago superar os US$ 8 o bushel nos próximos pregões.
Ao fim e ao cabo, agora o mundo vai acompanhar os trabalhos de campo nos estados do Corn Belt.
O clima vai entrar em jogo daqui para frente, para consolidar ou não a produção equivalente ao tamanho da área, tanto para a soja quanto para o milho.
E não há muito o que os brasileiros possam fazer daqui para frente.
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