Estudo do Imea traz perspectiva de que até 2025 produção de milho crescerá 113% puxada por aumento da criação de bovinos, suínos e aves
Estudo que traçou perspectivas para o agronegócio em Mato-Grosso até 2025 mostra a sinergia que há entre agricultura e pecuária no Estado. Divulgado nesta terça-feira, 1° de dezembro, o Agro Outlook 2025 revela que enquanto a produção de carne bovina deve crescer 46% nos próximos 10 anos, a colheita de milho deve avançar de 18,1 milhões de toneladas para 38,5 milhões, aumento de 113,2% no período.
“Mato Grosso tem o grão mais barato do país e isso incentiva a prática do confinamento e a criação de suínos e aves”, diz Otávio Celidonio, superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), entidade que realizou o levantamento em parceria com o Departamento de Estatística da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).
Segundo Celidonio, a lavoura de milho tem um horizonte maior à vista do que a de soja – que deve crescer 74,4% até 2025, indo do patamar de produção de 26,5 milhões de ton/ano ao de 46,2 milhões. “Se hoje já não podemos chamar a segunda safra de milho de ‘safrinha’, em 2025 será ainda mais inadequado”, afirmou o superintendente do Imea.
Hoje, somente 35% da área plantada de soja no Estado é destinada ao cultivo do milho safrinha. “Isso acontece, em parte, por conta da falta de infraestrutura para aproveitar a janela de plantio e colher a soja a tempo de plantar o milho; parte pela necessidade de equilibrar os preços”, disse Celidonio. Apesar disso, ele acredita que em dez anos a demanda do cereal deve crescer em função do incremento na produção de suínos (esperada para ser de 193%, saltando de 200 mil ton para 500 mil) e aves (que deve ir de 600 mil ton para 1,1 milhão, com crescimento de 94%). Outro fator que empurra o crescimento da lavoura é o cenário que está se desenhando em torno da pecuária bovina em Mato Grosso.
Seguindo a linha do aumento da produtividade, a previsão do relatório é de que até 2025 alguns milhões de hectares de pastos degradados tenham sido convertidos em áreas agricultáveis – potencialmente, são mais de 15 milhões de hectares. Consequência disso, de acordo com o especialista, é a adoção de sistemas ILPF e a evolução do confinamento. “De 2003 a 2013 tivemos um incremento de 20% na área destinada à pecuária de corte, enquanto o abate cresceu 50%. Se continuarmos nesse ritmo ficará fácil atingir a meta prevista no relatório”. Fatores zootécnicos, como a melhoria da taxa de desmama de bezerros e acabamento de carcaça também foram apontados como avanços do setor.
Para Celidonio, a importância de estudos como esse é atrair a atenção de investidores para o potencial da região. “Queremos trazer crédito e infraestrutura para o Mato Grosso, mostrar que aqui há espaço para a expansão da atividade agropecuária”. Aspectos como logística e biotecnologia foram considerados fundamentais para que a evolução ocorra. Questionado, Celidônio disse que o levantamento não foi a fundo na análise de gargalos como a lentidão para concluir obras de hidrovias e ferrovias; o tempo demandado para lançar novidades na área de transgênicos e problemas crescentes de resistência de pragas.
Fonte: Portal DBO