Pesquisadores alertam para invasão de aranhas voadoras gigantes

Medindo cerca de 20 cm, estas aranhas voadoras gigantes tem a capacidade peculiar de “planar” no ar usando suas teias e correntes de vento. Uma potencial invasora nos céus Americanos. Vídeo impressionante dessas criaturas decolando voo pode ser conferido no final desta matéria

No vasto palco da biodiversidade, uma nova ameaça emerge nos Estados Unidos, desta vez sob a forma de uma aranha aparentemente inofensiva, mas potencialmente invasora. Pesquisadores alertam para a possível invasão da aranha Joro (Trichonephila clavata), nativa de regiões asiáticas, que tem a capacidade peculiar de se locomover por meio de “balonismo“, usando fios de teia para planar com correntes de vento.

Aranhas voadoras, uma potencial invasora nos céus Americanos

Com certeza você já ouvir a frase “É um pássaro, é um avião?“, mas desta vez não, essas são as aranhas Joro, com seus impressionantes 20 centímetros de envergadura, são nativas do Japão, China, Coreias e Taiwan, sendo conhecidas por sua aparência ameaçadora e capacidade de “voar” usando a técnica de balonismo. Agora, pesquisadores nos Estados Unidos alertam que essa espécie exótica pode se tornar endêmica em diversos estados do país, representando uma ameaça potencial para os ecossistemas locais.

O risco associado a essa aranha não reside apenas na sua presença venenosa, mas na possibilidade de impactos imprevisíveis no ecossistema americano, onde a espécie pode não ter predadores naturais e encontrar condições ideais para reprodução. Ecologistas da Universidade Rutgers afirmam que a Joro pode se tornar comum em estados como Nova York e Nova Jersey nos próximos anos, enquanto cientistas da Universidade Clemson alertam que ela pode encontrar um lar nas selvas da Carolina do Sul. “Elas vieram para ficar“, dizem os pesquisadores.

Aparência assustadora e o comportamento tímido

Apesar da aparência assustadora e da capacidade única de “voar”, as aranhas Joro não representam uma ameaça direta para humanos ou animais de estimação. Sua natureza tímida diante de animais maiores, como destaca pesquisadores da Geórgia, sugere que elas podem ser consideradas as “aranhas mais tímidas conhecidas“. Contrariando a ideia comum de que invasores são agressivos, os cientistas ressaltam que essas aranhas são notavelmente pacíficas e têm uma postura de defesa peculiar, permanecendo paradas por cerca de 60 minutos após uma ameaça, em comparação com os 90 segundos típicos de outras espécies de aranhas.

Amitesh Anerao, coautor do estudo, destaca a necessidade de desmistificar a visão comum sobre invasores, argumentando que “invasivo” e “agressivo” não são sinônimos. Ele sugere que esses animais podem se adaptar bem à convivência com humanos e podem não desaparecer facilmente. A descoberta das aranhas Joro nos Estados Unidos, inicialmente encontradas na Geórgia em 2014, levanta questões sobre a coexistência entre espécies e destaca a necessidade de compreendermos melhor as nuances do equilíbrio ecológico em um mundo em constante mudança.

O fascinante comportamento de ‘Balonismo’

A peculiaridade do comportamento de “balonismo” dessas aranhas voadoras é um ponto central de fascínio para os cientistas. Ao lançar até 60 fios de seda em uma formação triangular, as Joro utilizam correntes de vento suaves para levantar voo, uma estratégia única que levanta questões sobre como esses pequenos aracnídeos avaliam e respondem às condições climáticas antes de iniciar sua jornada pelos céus.

O estudo da Universidade de Berlin, que investigou o lançamento desses fios de seda em condições controladas de vento, revelou que as aranhas não os liberam aleatoriamente. Em vez disso, elas levantam uma ou duas pernas peludas, testando o vento por 5 a 8 segundos. Em dias frios e ventosos, as aranhas tendem a permanecer agrupadas e muitas vezes não iniciam o “balonismo“. Esse comportamento meticuloso e engenhoso destaca a capacidade das aranhas Joro de avaliar as condições do vento antes de empreenderem seu voo peculiar.

Abaixo você pode conferir um vídeo com essas criaturas levantando seu voo. Aperte o play e surpreenda-se!

Espécies introduzidas na América do Norte

Essas aranhas voadoras são uma espécie introduzida no nordeste da Geórgia e no noroeste / nordeste de Carolina do Sul, na América do Norte. Elas foram avistadas pela primeira vez em Hoschton, Geórgia, em 2013. Desde então, foram observadas em vários locais no nordeste da Geórgia, incluindo a área de Atenas, Geórgia, e também em Greenville, Carolina do Sul. Acredita-se que a espécie se naturalizará. Espera-se que elas colonizem grande parte da Costa Leste dos Estados Unidos devido à sua relativa resistência ao frio.

Até 2022, seu impacto no novo ecossistema é desconhecido. Observou-se que elas capturam o percevejo marrom-marmorado (Halymorpha halys), uma espécie invasora que não se sabe que as aranhas nativas comem, e também espera-se que possam consumir mosquitos e moscas. Alguns esperam que o impacto da espécie seja positivo devido à sua natureza inofensiva e ao consumo principalmente de insetos invasores ou incômodos; no entanto, devido à falta relativa de informações sobre sua ecologia, os efeitos que a aranha terá nos ecossistemas são desconhecidos.

Uma pesquisa aprofundada sobre essa invasão Americana foi publicada no final de 2022 “The Jorō spider (Trichonephila clavata) in the southeastern U.S.: an opportunity for research and a call for reasonable journalism” e você pode conferir clicando aqui.

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