Petrobras pode voltar aos biocombustíveis no longo prazo, diz Pedro Parente

Presidente da empresa disse, no entanto, que essa decisão não deve ser tomada antes de cinco anos

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse, que há espaço para um crescimento significativo da participação do etanol na matriz de combustíveis do Brasil. E sinalizou que a empresa pode voltar a atuar no segmento de biocombustíveis no médio e longo prazo.

“As condições para o crescimento do setor estão dadas”, disse o presidente da Petrobras, em conversa com jornalistas durante o Ethanol Summit, em São Paulo (SP).

Parente apresentou projeções que, mesmo em cenários mais pessimistas, apontam para um aumento significativo da presença do etanol na matriz de ciclo Otto (motor a explosão) no Brasil. Em 2040, essa proporção pode variar de 40% a 61% do total.

Ele disse, no entanto, que uma decisão sobre o retorno da Petrobras ao ramo de biocombustíveis não deverá ser tomada antes de cinco anos. É o prazo para para a empresa cumprir seu plano estratégico baseado, entre outras diretrizes, na redução do nível de endividamento e na produção concentrada em petróleo e gás.

“Para os próximos cinco anos, nossa definição é muito clara. Nós estaremos fora de tudo o que não é petróleo e gás. Agora, não podemos ficar parados em termo de continuar aprofundando o desenvolvimento e avaliação de novas tecnologias. Após esses cinco anos, a empresa decidirá o que fazer”, disse.

Em seu pronunciamento no Ethanol Summit, que durou cerca de 15 minutos, Pedro Parente destacou que um dos principais desafios para a empresa no futuro é saber qual é a fonte que substituirá o combustível fóssil no futuro. “O cenário é desafiador para a indústria de óleo e gás”, disse.

RenovaBio e Cide

Sobre o RenovaBio, programa de incentivo aos biocombustíveis no Brasil, Pedro Parente, fez uma avaliação positiva. Ressaltou, no entanto, que é importante haver metas realistas. E acrescentou que deve ser compatibilizado com o Combustível Brasil, iniciativa do Ministério de Minas e Energia voltada para o refino e distribuição de combustíveis.

“As duas iniciativas são perfeitamente compatibilizáveis”, disse. “O pior que pode acontecer é o uso de metas irrealistas para o setor privado. Esse setor já está muito machucado com promessas passadas que não foram cumpridas, já investiu muito e olha o que aconteceu”, ponderou Parente, que já presidiu o Conselho da Unica.

O presidente da Petrobras também falou sobre uma eventual utilização de mecanismos de compensação ou reconhecimento dos diferenciais ambientais do etanol, reivindicação recorrente da indústria do setor. O presidente da Petrobras disse acreditar que há vários caminhos para que isso seja feito.

Questionado sobre o uso da Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico (Cide) como ferramenta para se estabelecer essa diferenciação, ele disse que “há outros caminhos”. “Achamos que este um estudo que vale a pena prosseguir. Há outros caminhos, mas se o governo entender que é esse o caminho, está correto”, disse ele.

Fonte: Globo Rural

 

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