A safra do pinhão no RS começou no dia 15 de abril e vai até o final do inverno, com a colheita das variedades mais tardias, como macaco e cajuva. A colheita, transporte e venda do pinhão estão liberadas, conforme Portaria do Ibama, e a expectativa fica por conta da produção, em queda nos últimos anos. A atual, porém, deve marcar o retorno da normalidade, sendo 20 a 30% superior à do ano passado.
Conforme a Emater/RS-Ascar, a média histórica de produção por safra no estado é de 900 a mil toneladas de pinhão. Neste ano, deverá ficar em torno de 900 toneladas. Segundo a engenheira florestal da Emater/RS-Ascar do Regional de Caxias do Sul, Adelaide Kegler Ramos, a safra deste ano apresenta boa qualidade e produtividade acima da do ano passado, devido às condições climáticas favoráveis, relacionadas às horas de frio e à ausência de chuva no período de polinização. “Observa-se pinhas de bom tamanho, com o peso variando entre 2 a 3 Kg, em média”, salienta.
Contudo, a safra atual ainda não é uma safra plena ou “cheia”. Adelaide explica que por ser a araucária uma planta nativa, que não recebe manejo e nem a interferência do homem, está sujeita à flutuação de produção. Observações no campo indicam que a árvore passa por ciclos de quatro a cinco anos, alternando volumes altos e baixos de pinhão. Mas as questões ligadas ao clima também interferem na produção. “Pelo desenvolvimento das pinhas que estamos observando agora, prevemos uma safra melhor para o ano que vem. Porém, o clima tem que ajudar”, ressalta.
A colheita da semente é feita toda manualmente e representa importante fonte de renda para muitas famílias, além de ser um produto tradicional e alimento característico para a população na região. “Há poucas ações de beneficiamento, industrialização e conservação do produto, o que restringe em muito o período e os volumes de comercialização”, afirma Adelaide. A comercialização é praticamente toda informal, feita diretamente pelos extrativistas em diferentes mercados locais. No entanto, a maior parte ainda é comercializada através de intermediários, que levam o produto para centros maiores. Os preços pagos ao produtor nesta safra variam de R$ 2,50 a 5,00. Na Ceasa Serra, o quilo é vendido a R$ 3,66 e, nos supermercados e fruteiras da região, atinge um valor entre R$ 4,80 e 9,80. A engenheira florestal ressalta, contudo, que o processamento da semente, na forma de pinhão moído ou de paçoca, é uma boa oportunidade para agregar valor significativo ao produto, sendo a paçoca vendida ao preço médio de R$ 15,00 o quilo.