O cultivo do algodoeiro em sistema plantio direto aumenta o estoque de carbono no solo, incrementa o teor de nitrogênio e ainda faz aumentar a produtividade em comparação com o sistema de preparo convencional do solo. Foi o que demonstrou um estudo realizado ao longo de nove anos por cientistas da Embrapa Algodão (PB) no Cerrado brasileiro.
Depois de quase uma década, o sistema plantio direto incrementou em 55% o teor de carbono nos primeiros cinco centímetros de profundidade do solo, e em 20% o estoque de carbono na camada até 40 cm de profundidade. “Essa taxa de aumento do carbono no solo é quase cinco vezes maior do que a meta mundial proposta pela iniciativa ‘4 por 1000’, apresentada durante a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima (COP21). Isso mostra o potencial do cultivo do algodoeiro em sistema plantio direto para contribuir com os compromissos assumidos pelo Brasil com vários outros países em prol da redução do aquecimento global”, avalia o pesquisador da Embrapa Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira, que coordenou o estudo.
O sistema conservacionista de preparo do solo também resultou em acúmulo de nitrogênio e em ganhos na produtividade da fibra de algodão. O teor de nitrogênio no solo em sistema plantio direto, nos primeiros cinco centímetros, foi 50% maior do que os teores encontrados nos demais sistemas. Já a produtividade registrada foi cerca de 10% maior e tem potencial de aumentar até 30%.
O experimento comparou o sistema plantio direto e o preparo convencional do solo, com sucessão ou rotação de culturas – algodão, soja, milho e braquiária (Urochloa ruziziensis). Os melhores resultados foram obtidos no sistema plantio direto do algodoeiro em rotação com a soja consorciada com braquiária, e com o milho em consórcio com braquiária.
Segundo Ferreira, os resultados da pesquisa seriam um estímulo para ampliar a adoção da prática entre os cotonicultores, contribuindo para a mitigação do aquecimento global. “Além de aumentar a produtividade de algodão e de acumular mais carbono no solo, o sistema plantio direto confere maior resiliência produtiva e subsídios para manter ou expandir o comércio mundial para uma sociedade cada vez mais exigente em processos produtivos sustentáveis”, argumenta.
A pesquisa foi conduzida em condições de sequeiro na área experimental da Fundação Goiás, município de Santa Helena de Goiás. Nos últimos sete anos do estudo, após a consolidação dos sistemas de cultivo e manejo do solo, a produtividade total de fibra foi de 13.958 quilos por hectare no sistema plantio direto, enquanto no monocultivo com preparo convencional do solo foi de 12.698 quilos por hectare. “No sistema plantio direto houve o incremento na produtividade de fibra de 1.260 quilos por hectare, o que equivale praticamente a uma nova safra”, observa Ferreira.
“O maior acúmulo de carbono na camada superficial do solo no sistema plantio direto se deve aos resíduos de colheita e ao abundante sistema radicular das gramíneas formadoras de pastagens. O cultivo de Urochloa ruziziensis em segunda safra, como planta de cobertura para a formação de palha e semeadura direta, protege o solo e melhora as suas características químicas, físicas e biológicas”, afirma o pesquisador da Embrapa.
Na parcela com plantio direto, o teor de carbono encontrado na camada de solo mais superficial, de zero a cinco centímetros, foi cerca de 55% acima do encontrado nas parcelas com preparo convencional do solo. Nas camadas mais profundas, até 30 cm, não houve variações significativas.
Ferreira relata que, no preparo convencional do solo, a matéria orgânica dos restos culturais de cada sistema de produção estudado foi incorporada ao solo, até aproximadamente 20 cm de profundidade, por meio da aração e da gradagem. “Esses processos favorecem a decomposição da matéria orgânica, principalmente de compostos orgânicos menos estáveis. Com isso, os tratamentos em preparo convencional, independentemente da rotação soja-algodão ou soja-milho-algodao, não foram suficientes para aumentar o teor de carbono na camada mais superficial”, explica.
Na camadas de 11 cm a 30 cm não houve diferença entre as parcelas por influência das raízes das culturas, que se encontram nessa profundidade. No entanto, nas camadas de 31 cm a 40 cm, o solo com sistema plantio direto apresentou maior teor de carbono em relação ao preparo convencional. “Isso se deve provavelmente à elevada capacidade de desenvolvimento das raízes de Urochloa ruziziensis até maiores profundidades”, afirma o cientista.
O estudo também revelou que houve perda de matéria orgânica nas parcelas com preparo convencional do solo ao longo dos nove anos. “Medimos a matéria orgânica no solo antes do início do traballo, em 2005, e ao fim, em 2014, e verificamos que ela diminuiu 7% na camada de zero a 20 centímetros”, conta Ferreira.
Ao longo dos nove anos da pesquisa foram adicionados 996 quilos por hectare de nitrogênio mineral ao sistema monocultivo de algodão, enquanto no sistema plantio direto foram 649 quilos por hectare. “Apesar de ter recebido 347 quilos por hectare a menos de nitrogênio mineral, a manutenção do nitrogênio no solo sob sistema plantio direto foi maior, equivalendo a 320 quilos por hectare. Esse acúmulo de nitrogênio pode ser atribuído não apenas à ausência de revolvimento do solo, mas também ao potencial de ciclagem de nutrientes pela Urochloa ruziziensis”, observa o pesquisador, destacando que a inserção da soja na rotação foi ineficiente para aumentar o teor de nitrogênio no solo com o preparo convencional.
“Os sistemas produtivos baseados no preparo convencional do solo com arados e grades, com ou sem rotação de algodão, soja e milho, não influenciaram positivamente o balanço de carbono, não sendo suficientes para melhorar o estoque de carbono. Já no sistema plantio direto, o estoque aumentou 20% após nove anos”, conclui Ferreira.
O cultivo do algodoeiro em sistema plantio direto aumenta o estoque de carbono no solo, incrementa o teor de nitrogênio e ainda faz aumentar a produtividade em comparação com o sistema de preparo convencional do solo. Foi o que demonstrou um estudo realizado ao longo de nove anos por cientistas da Embrapa Algodão (PB) no Cerrado brasileiro.
Depois de quase uma década, o sistema plantio direto incrementou em 55% o teor de carbono nos primeiros cinco centímetros de profundidade do solo, e em 20% o estoque de carbono na camada até 40 cm de profundidade. “Essa taxa de aumento do carbono no solo é quase cinco vezes maior do que a meta mundial proposta pela iniciativa ‘4 por 1000’, apresentada durante a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima (COP21). Isso mostra o potencial do cultivo do algodoeiro em sistema plantio direto para contribuir com os compromissos assumidos pelo Brasil com vários outros países em prol da redução do aquecimento global”, avalia o pesquisador da Embrapa Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira, que coordenou o estudo.
O sistema conservacionista de preparo do solo também resultou em acúmulo de nitrogênio e em ganhos na produtividade da fibra de algodão. O teor de nitrogênio no solo em sistema plantio direto, nos primeiros cinco centímetros, foi 50% maior do que os teores encontrados nos demais sistemas. Já a produtividade registrada foi cerca de 10% maior e tem potencial de aumentar até 30%.
O experimento comparou o sistema plantio direto e o preparo convencional do solo, com sucessão ou rotação de culturas – algodão, soja, milho e braquiária (Urochloa ruziziensis). Os melhores resultados foram obtidos no sistema plantio direto do algodoeiro em rotação com a soja consorciada com braquiária, e com o milho em consórcio com braquiária.
Segundo Ferreira, os resultados da pesquisa seriam um estímulo para ampliar a adoção da prática entre os cotonicultores, contribuindo para a mitigação do aquecimento global. “Além de aumentar a produtividade de algodão e de acumular mais carbono no solo, o sistema plantio direto confere maior resiliência produtiva e subsídios para manter ou expandir o comércio mundial para uma sociedade cada vez mais exigente em processos produtivos sustentáveis”, argumenta.
A pesquisa foi conduzida em condições de sequeiro na área experimental da Fundação Goiás, município de Santa Helena de Goiás. Nos últimos sete anos do estudo, após a consolidação dos sistemas de cultivo e manejo do solo, a produtividade total de fibra foi de 13.958 quilos por hectare no sistema plantio direto, enquanto no monocultivo com preparo convencional do solo foi de 12.698 quilos por hectare. “No sistema plantio direto houve o incremento na produtividade de fibra de 1.260 quilos por hectare, o que equivale praticamente a uma nova safra”, observa Ferreira.
“O maior acúmulo de carbono na camada superficial do solo no sistema plantio direto se deve aos resíduos de colheita e ao abundante sistema radicular das gramíneas formadoras de pastagens. O cultivo de Urochloa ruziziensis em segunda safra, como planta de cobertura para a formação de palha e semeadura direta, protege o solo e melhora as suas características químicas, físicas e biológicas”, afirma o pesquisador da Embrapa.
Na parcela com plantio direto, o teor de carbono encontrado na camada de solo mais superficial, de zero a cinco centímetros, foi cerca de 55% acima do encontrado nas parcelas com preparo convencional do solo. Nas camadas mais profundas, até 30 cm, não houve variações significativas.
Ferreira relata que, no preparo convencional do solo, a matéria orgânica dos restos culturais de cada sistema de produção estudado foi incorporada ao solo, até aproximadamente 20 cm de profundidade, por meio da aração e da gradagem. “Esses processos favorecem a decomposição da matéria orgânica, principalmente de compostos orgânicos menos estáveis. Com isso, os tratamentos em preparo convencional, independentemente da rotação soja-algodão ou soja-milho-algodao, não foram suficientes para aumentar o teor de carbono na camada mais superficial”, explica.
Na camadas de 11 cm a 30 cm não houve diferença entre as parcelas por influência das raízes das culturas, que se encontram nessa profundidade. No entanto, nas camadas de 31 cm a 40 cm, o solo com sistema plantio direto apresentou maior teor de carbono em relação ao preparo convencional. “Isso se deve provavelmente à elevada capacidade de desenvolvimento das raízes de Urochloa ruziziensis até maiores profundidades”, afirma o cientista.
O estudo também revelou que houve perda de matéria orgânica nas parcelas com preparo convencional do solo ao longo dos nove anos. “Medimos a matéria orgânica no solo antes do início do traballo, em 2005, e ao fim, em 2014, e verificamos que ela diminuiu 7% na camada de zero a 20 centímetros”, conta Ferreira.
Ao longo dos nove anos da pesquisa foram adicionados 996 quilos por hectare de nitrogênio mineral ao sistema monocultivo de algodão, enquanto no sistema plantio direto foram 649 quilos por hectare. “Apesar de ter recebido 347 quilos por hectare a menos de nitrogênio mineral, a manutenção do nitrogênio no solo sob sistema plantio direto foi maior, equivalendo a 320 quilos por hectare. Esse acúmulo de nitrogênio pode ser atribuído não apenas à ausência de revolvimento do solo, mas também ao potencial de ciclagem de nutrientes pela Urochloa ruziziensis”, observa o pesquisador, destacando que a inserção da soja na rotação foi ineficiente para aumentar o teor de nitrogênio no solo com o preparo convencional.
“Os sistemas produtivos baseados no preparo convencional do solo com arados e grades, com ou sem rotação de algodão, soja e milho, não influenciaram positivamente o balanço de carbono, não sendo suficientes para melhorar o estoque de carbono. Já no sistema plantio direto, o estoque aumentou 20% após nove anos”, conclui Ferreira.