O Brasil e os Estados Unidos são os maiores produtores mundiais de soja, respondendo em conjunto por aproximadamente 2/3 da produção mundial. Para conhecer o ambiente e o expertise da cadeia produtiva de grãos no Brasil um grupo de americanos da Pensilvânia esteve visitando diversos setores do agro brasileiro no mês passado
O estado da Pensilvânia é reconhecido como um importante polo industrial nos Estados Unidos, contudo a agricultura, e sobretudo a criação pecuária, são setores muito prósperos, devido à proximidade dos grandes mercados urbanos no nordeste americano. Conhecido como maior produtor de snacks (lanches industrializados) do país, depende de matéria-prima para suprir a indústria de alimentos.
Foi este o contexto que trouxe o grupo de 13 americanos para conhecer o agronegócio brasileiro. A organização foi da Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State University), por iniciativa de um brasileiro, estudante de doutorado Giovani Stefani Faé. A Embrapa trabalhou em conjunto com a Penn Statena organização desse tour internacional e contou com a colaboração de pesquisadores de três unidades da Empresa (Cerrados, Soja e Trigo) acompanhando as visitas em cada região produtora.
O grupo composto por produtores, pesquisadores, extensionistas e professores percorreu diversas estruturas que compõem a produção de grãos no Brasil, no período de 22/02 à 01/03. No roteiro estiveram as cooperativas Agrária (Guarapuava, PR) e Cotrijal (RS); as unidades de pesquisa da Embrapa Cerrados (Brasília, DF) e Trigo (Passo Fundo, RS); as fazendas Pamplona e Maringá (Cristalina, GO), Frank’Anna (Carambeí, PR), K2 Agro (Ponta Grossa, PR), Agropecuária Seitz (Guarapuava, PR), Sementes Falcão (Sarandi, RS); o Porto de Paranaguá (PR); além de reuniões ténicas com equipes da FAEP, Embrapa Soja, Monsanto e GDM Sementes.
“Buscamos construir uma programação em conjunto com as equipes de Transferência de Tecnologia das Embrapas Cerrados, Soja e Trigo capaz de mostrar a dimensão que o agronegócio possui no Brasil, justificando por que a produção da soja aumenta em área e produtividade a cada ano”, conta Giovani Faé. Segundo ele, “o valor da agricultura brasileira é percebido lá fora, mas precisamos valorizar também a organização e eficiência dos sistemas produtivos que suportam o crescimento sustentável do Agro no Brasil”.
Na avaliação do produtor Darren Grumbine, a viagem permitiu estabelecer um comparativo entre sistema produtivo dos diferentes países: “uma viagem como essa nos mostra o nível tecnológico e de conhecimento agrônomico que devemos trazer para nossa propriedade. O produtor brasileiro é mais eficiente que o americano e para nos mantermos competitivos precisamos buscar novas alternativas para não somente produzir mais, mas sim produzir mais com menor uso de insumos e maior eficiência”.
“Antes de participar dessa viagem a minha visão do Brasil era a de um filme que eu assisti muito tempo atrás sobre desmatamento e plantio de lavouras de grãos e de como o ambiente estava sendo impactado tão negativamente, mas o que eu vi aqui no Brasil é muito diferente disso. O produtor brasileiro se preocupa com sustentabilidade e é um grande protetor da natureza”, observou o agrônomo da cooperativa americana Growmark, Shaun Heinbaugh.
O professor da Penn State, Greg Roth, acredita que a viagem possibilitou uma boa perspectiva sobre os desafios comuns que ambos países enfrentam em termos de sustentabilidade, manejo de invasoras, solo, pragas. Além disso, abre uma importante porta para aumentar a colaboração entre a Embrapa e a Penn State.
As percepções da viagem deverão subsidiar o doutoramento de Giovani Faé na avaliação da visita técnica como instrumento de transferência de tecnologia para sistemas de produção. Faé é analista de transferência de tecnologia da Embrapa Trigo, atuando no 3º ano do curso de doutorado em Agronomia da Universidade Estadual da Pensilvânia.