Os mercados futuros em Chicago e Nova York são mais voláteis e mais alavancados, mas as opções de arbitragem podem ser boas. Aqui também, os dados da StoneX para milho e soja
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
Na rota dos investimentos de riscos no exterior os mercados futuros de commodities agrícolas ainda são para poucos. Os produtores olham as bolsas americanas para acompanharem as cotações, apenas. E os especuladores pouco operam esse mercado.
Mas as opções estão aí e a Agrinvest, que ainda opera apenas para “investidores robustos”, credita o distanciamento dos brasileiros de investir em soja, milho, café, açúcar, e mesmo em outros ativos, à burocracia e ao maior conhecimento das operações. Entre elas, a oportunidade de arbitragens.
No primeiro caso, não há muito o que fazer. Como diz Marcos Araújo, sócio da consultoria e broker, o controle da Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) inibe a abertura de contas diretas no exterior. “Excesso de rigidez”, diz.
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Lembra, a ele, a tributação de IOF de investidores estrangeiros na bolsa brasileira, que esvaziou a entrada de recursos nos futuros daqui, por exemplo.
Quanto às características dos negócios na Chicago Board of Trade (CBOT), que opera soja, milho e trigo, e da ICE Futures (Nova York), com as softs commodities café, açúcar, algodão, suco de laranja e cacau – para ficarmos nas de interesses diretos do Brasil -, o primeiro passo é se acostumar com a volatilidade expressiva.
Não apenas por se tratarem de ativos mais sensíveis ao risco, mas pela “alavancagem” maior das operações.
Araújo explica que os contratos exigem depósitos de margens de garantia de 10%. E envolvem valores volumosos de entrada.
Para entrar na soja, o contrato é de 5 mil bushels (2.268 sacas). Se estabelecermos a cotação de US$ 12,40/bu, demanda US$ 62 mil.
No milho, segue exemplificando o analista da Agrinvest, também são 5 mil bushels (2.117 sacas). Pelo preço do vencimento de dezembro, a US$ 5,70, são US$ 28,5 mil.
Em relação às arbitragens, para se aproveitar as discrepâncias de preços e faturar com a compra e venda dos ativos em mercados diferentes, Marcos Araújo relaciona o caso do café entre Nova York e São Paulo.
Na ICE, o contrato é de 283,50 sacas (17 toneladas), correspondente a 37.500 libras-peso, enquanto na B3 é de 100 sacas (6/t). Relação de 1 contrato futuro na bolsa brasileira para 2,83 contratos na americana.
Apesar dos riscos inerentes às operações, sem que haja garantia de resultados financeiros, Marcos Araújo lembra o caso recente da commodity, que explodiu muito na ICE por conta da expressiva quebra no Brasil, oportunizando a compra na B3 e vendendo em Nova York.
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Soja indo bem, milho vai também
Com o plantio da soja indo dentro do ritmo desejado, sem prejuízo do período ideal desde o fim do vazio sanitário em 15 de setembro, as perspectivas para o milho de segunda safra no Brasil são de volumes recordes.
A projeção da StoneX, elevada ante relatório de outubro, alcança 87,53 milhões de toneladas, índice 47,8% maior que o safrinha passado.
Sem atraso no plantio e colheita da oleaginosa, o analista que assina o documento, João Pedro Lopes, descarta atraso na semeadura do milho de inverno, como ocorreu na última temporada.
Desse modo, a produtividade se garante, enquanto, por esse ângulo, os produtores igualmente se animarão e ampliarão a área destinada ao cereal. Lopes registra mais 7,4%, para 15,4 milhões de hectares.
Na soja, a StoneX também elevou em 465 mil toneladas a soja que hora está quase na reta final de plantio. O Brasil deverá, portanto, atingir 144,73 milhões de toneladas.
As chuvas de setembro e outubro foram benéficas, mas há sinais de alerta no Sul, quando o fenômeno La Niña encena a possibilidade de seca.
Lembrando, por exemplo, que o Rio Grande do Sul, o estado que planta mais tardiamente, ainda está com 10% ou pouca coisa acima de área trabalha.
AGRONEWS® – Informação para quem produz