O queijo é um produto alimentício que, pelo seu alto valor nutritivo, ocupa lugar de destaque na culinária brasileira. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o queijo se destacou como alimento lácteo mais consumido durante o período da pandemia, com apenas 3% dos brasileiros não consumindo o produto. Já o leite como bebida está em sexto lugar. O fenômeno tem justificativa no fato de que no período de quarentena, os consumidores estão fazendo receitas em casa e estão procurando lanches na rua, o que aumentou o consumo de derivados lácteos, ao invés do leite propriamente dito.
Cuidados com o processamento
Os derivados do leite, por serem alimentos perecíveis, necessitam de processos de produção com eficiente controle de qualidade, transporte, armazenamento e comercialização, a fim de evitar problemas de saúde para os consumidores. No entanto, em alguns casos, são feitas práticas inadequadas na fabricação dos queijos. Dentre elas, a mais comum é a de adulteração do produto por adição de amido na sua composição com intenção de ludibriar os consumidores. Essa prática pode ser detectada através de um indicador químico, chamado Lugol (tintura de iodo a 2%), que é adicionado a esses alimentos com intuito de verificar essa fraude (CASSIMIRO et al. 2015).
A Legislação
De acordo com o Ministério da Agricultura, a definição de queijo está reservada aos produtos que têm por base o leite. A legislação obriga as indústrias a informar no rótulo dos análogos de produtos lácteos que o produto processado é à base de ingredientes como gordura vegetal hidrogenada, diferentes tipos de gorduras não oriundas do leite, amidos, ou amidos modificados, corantes e aromas artificiais.
Atenção do Consumidor
É fundamental que o consumidor esteja atento e conheça as diferenças relacionadas a esses novos produtos lançados no mercado. Por não terem por base o leite, os produtos análogos conferem riscos altos para a saúde, como doenças cardiovasculares (infarto e derrame), diabetes e até mesmo alguns tipos de câncer. (FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DE GOIÁS, 2020).
Frente este cenário, o PROCON (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) já foi acionado, uma vez que tais produtos estão sendo comercializados sem o consumidor ter conhecimento de seus riscos e de sua composição. Os análogos vêm sendo vendidos com o mesmo valor dos produtos originais, no entanto, sem apresentar a mesma qualidade e o mesmo significado nutricional.
Sendo assim, os estabelecimentos comerciais do ramo alimentício que comercializem ou utilizem queijo, requeijão e outros lácteos no preparo de seus alimentos, deverão informar de forma clara e destacada em seus cardápios, a utilização de produtos análogos ou similares, bem como possibilitar que o consumidor possa conferir o produto dentro de sua embalagem original e acessar as informações nutricionais e de ingredientes utilizados na fabricação.
Prejuízos Econômicos na Cadeia Leiteira
O valor dos produtos análogos ao queijo, requeijão e outros lácteos, são mais baratos que os legítimos produtos derivados do leite, isso faz com que os estabelecimentos comerciais do ramo alimentício priorizem os análogos. Com isso, produtor de leite brasileiro acaba sendo prejudicado.
O consumo desses produtos análogos traz sérias consequências: aumenta a oferta dos legítimos produtos derivados do leite e baixa o preço de mercado do leite, fato este que afeta gravemente o equilíbrio comercial, e culmina na cadeia leiteira, com os produtores de leite recebendo baixa remuneração no campo.
Referência
CASSIMIRO, L. M.; SOUZA, R. L.; BRAGA, R. A.; LIMA FILHO, J. A. Aula prática para detecção da presença ou não de amido em dois tipos de queijos comercializados na Feira Central de Campina Grande-PB. In: Anais do II Congresso Nacional de Educação (II CONEDU). Campina Grande, PB, 2015.
Por: Juliana Virginio – Animal Businnes
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